setembro 22, 2005

E tudo ficou perdido em um olhar...

Os olhos cintilaram mais uma vez para acostumar a solidão fria. A boca, seca pela angústia, buscava o ardor refrescante nos pingos de saliva que ainda eram produzidos. A tristeza era implacada nas pontadas de dor que sentia a cada novo minuto. E tudo, tudo mesmo, começou a deslocar para um mundo novo e triste. As coisas novas ganharam significados sem sentimentos, as antigas foram, gradativamente, perdendo o seu em meio a revolução. Um novo vôo, um novo começar. Essa era a idéia inicial. Matutava com os pés no chão e racionalmente, mas sua mente viajava e trazia o sabor lindo e convidativo do novo. Demorou até dizer sim. Como um casamento a união era até que a morte o separassem. Foram em destino ao nada, ao vazio e ao redor. Visto o vale repleto de tristeza e arrependimento que vivia, só teve a alternativa de lembrar, de sonhar denovo, do velho, do antigo, do minucioso passado. Escreveu, gritou, chorou e cantou. Livre, preso, acorrentado a uma vida boa e agarrado pelas garras da depressão. Esse sempre foi o seu cenário, esse sempre foi seu sentimento com o todo. Criou seu mundo, mas nunca esqueceu do que ele vivia. Tentava em alternativas extremas melhorar, nunca o conseguiu. Só poderia terminar ali, no seu leito, no seu sempre companheiro. O seu fim, não foi gravado e muito menos escrito. Foi simples e sentido. Foi perdido e assistido pela mesma solidão que casou anos atrás.