outubro 25, 2004

Como ratos comemos o nosso fim...

São verdes distintos mas cooperam em um mesmo espaço real, como soldadinhos de chumbo marchando na noite de núpcias de solteiros. O copo traz o combustível necessário e depois que o efeito do alívio toma conta do lugar, são selados acordos de amizade, de amor e de respeito. Tanto quanto tudo muda-se a forma de ver a humanidade por entre as cobertas de sonos pesados e medrosos. E o rato, mesmo sabendo do seu fim, devora o queijo da ratoeira que lhe esmaga a cabeça e te tira a vida cruel. Caminhamos em meio de provas e acusações e choramos nossos sentimentos em meio de ombros confortáveis ou passagens já trilhadas por nossas pernas. Somos fascinados pelo unicórnio mágico e poderoso, mas nos satisfazemos com o pobre jegue em extinção. Os papéis amontoam-se e nossos olhos correm pelo ambiente vendo qual é a melhor fuga dessa jornada.Tem-se completo conhecimento do caminho, dois efeitos, do resultado, das razões e das dificuldades mas, por completo efeito irracional, devoramos o alimento ligado diretamente a arma que será acionada no fim e terminará como sempre fez. E esperto e coerente é o rato que vence a vontade e continua sua trilha.

outubro 23, 2004

Acordando no chão inspirado nas estrelas...

O caminho flui como a borracha no papel branco. A cachorra late pelo medo e o pássaro canta a felicidade que ele não conhece. Mesmo com frio liga-se o refrigerador por mania e termina vendo o quadro no fim do corredor. As estrelas são pintadas embaixo dos pés e isso que dá a idéia de infinito. Diferentes tons de madeira perfumam o quarto borrado de umidade desfrutável. O acorde dedilhado do violão trasnporta a mente para um lugar brando e sem emoções. A lira interna esbraveja pela liberdade enquanto lá fora a escuridão corre solta pelas ruas. Na mesa do lado, os livros obrigatórios e o pó implacável dividem um espaço que não existe. Enquanto isso as roupas tentam se auto-completarem na falta de uma almofada que vive na solidão fria e escura, bem embaixo da cama. E a cama já se cansou de ser psicóloga e hoje se calou para sempre! Prometendo para si mesma que nunca mais deixaria a televisão ser ligada, sem antes ter a confirmação dos deuses para tal fato. O som aplaudiu a idéia e tudo ficou disconforme.

outubro 20, 2004

Uma história pura de ficção real...

E tinha ela apaixonada por ele. Ele apaixonado pela outra. Ela chorou. Os tempos passaram, ele se apaixonou por ela e se esqueceu da outra. Ela, dizia não esquecer do ele, mas se apaixonou por outro. Ele escreveu e chorou. Ele e ela conversavam muito. Se amam, dizem. São o casal mais perfeito, outros falam. Mas ele e ela nunca se juntaram depois disso. Ela leu algo sobre a outra e fez questão de lembrar da época de choro. E ele, sentou calmo e lembrou de tudo que chorou também, das dores, angústias e tudo que ele passou. Quis ligar, discutir, colocar todas as cartas na mesa... Não o fez... E mais uma vez, ele escreveu e se calou.

outubro 19, 2004

E em um pouco temos um pouco de tudo...

Um céu. Um céu azul. Um céu azul de verão. Um céu azul de verão quente. Um céu azul de verão quente e nuvens. Um céu azul de verão quente e nuvens de chuva. Um céu azul de verão quente e nuvens de chuva de verão. Um céu azul de verão quente e nuvens de chuva de verão rápida. Um céu azul de verão quente e nuvens de chuva de verão rápida torrenciais. Um céu azul de verão quente e nuvens de chuva de verão rápida torrenciais parecendo gritos. Um céu azul de verão quente e nuvens de chuva de verão rápida torrenciais parecendo gritos de raiva. Um céu azul de verão quente e nuvens de chuva de verão rápida torrenciais parecendo gritos de raiva desabafantes. Um céu azul de verão quente e nuvens de chuva de verão rápida torrenciais parecendo gritos de raiva desabafantes que vão passar. Um céu azul de verão quente e nuvens de chuva de verão rápida torrenciais parecendo gritos de raiva desabafantes que vão passar como passam as chuvas de verão. Um céu azul de verão quente e nuvens de chuva de verão rápida torrenciais parecendo gritos de raiva desabafantes que vão passar como passam as chuvas de verão no céu sem nuvens. Um céu azul de verão quente e nuvens de chuva de verão rápida torrenciais parecendo gritos de raiva desabafantes que vão passar como passam as chuvas de verão no céu sem nuvens no céu de verão. Um céu azul de verão quente e nuvens de chuva de verão rápida torrenciais parecendo gritos de raiva desabafantes que vão passar como passam as chuvas de verão no céu sem nuvens no céu de verão azul.

outubro 14, 2004

Uma Brahma de Agudos, Por favor...

E foi assim. Sentei sozinho na cadeira e fiquei relaxando sobre todos os novos acontecimentos que estavam me passando pela mente. Vendo os motivos, as prováveis consequências e as principais divergencias. Isso foi ao longo de uns, longos sim, três minutos. Enquanto depreciei meu primeiro copo. Logo depois disso meus olhos começaram a viajar pelo local... Quatro carros parados, 2 casais e eu... Mas calma! Um casal de namorados, eu e mais um cara e uma mulher... Fato curioso... Quando cheguei vi ele, aparentando uns trinta e oito bem vividos, chamando ela, aparentando uns quarenta e seis acabados, para sentar e se conhecer melhor. Ele trabalhava em construção e ela não sei dizer. E foi assim, logo me saiu da atenção eles pois pensamentos sobre minha nova conduta me tomavam a cabeça. Lembranças? Essas eu tratei logo de esquecê-las com exercícios aprendidos em livros. Liguei para brindar em meio de meu segundo copo. Ligação rápida, poucos segundos. Continuei ditando o nível saúdavel. Para um carro, desce uma menina. Morena, 1,90m aparentava, peitos grandes mas um pouco gorda sim. Passa e olha para o casal de conhecidos e depois para mim. Entra no local, compra uma coca-light e sai. Esbarra em mim, pede desculpa com a voz delicadamente falsa e eu simplesmente aceito com um sorriso mais montado que pude conseguir. Entra um cachorro em busca, talvez, de algo para comer mas fica pouco tempo e depois chegam duas meninas, uma gorda cheia e outra ajeitada. Ela fica me olhando repetidamente, talvez pelo fato de eu estar sozinho em plena quinta-feira e bebendo cerveja, complementando minha profunda solidão... Ou talvez não. Compram alguma coisa que eu não consegui acompanhar e saem. Volto, depois de algum tempo, a ouvir a conversa do casal de novos conhecidos ao lado. Ele fala sobre sua saída do último emprego e de seu, eterno, desgosto por cigarro. Ela fuma. Ri sozinho bem leve, pela incoerencia assistida e tentei prestar mais atenção, mas era tarde pois concordavam em pontos já comuns que eu não sabia do que se tratava. Depois ela, que acendeu um novo cigarro, conta das suas aventuras em viagens feitas em algum passado ou distante, ou recente. Conversas sobre misturas alcoolicas e como elas se transformam. A cerveja chega em seu último copo. Quando bebo me forçando para lembrar todas as cenas montadas em minha frente como um filme. A garçonete, conhecida e simpática, me convida a tomar mais uma. Mas eu recuso, o cúmulo da solidão já tinha terminado seu objetivo e eu iria embora. Mas não sem antes ela sentar comigo e me contar de suas aventuras perigosas, em suas viagens para o litoral. Rimos um pouco. E ela sempre séria, contava detalhes... Ela de Maranhão. Terminou a conversa dizendo que eram três dias de ônibus, convencional, para o Maranhão. Mas se fosse o clandestino seriam cinco. Eu ri e voltei ao meu carro.

outubro 13, 2004

Um longo diálogo comigo mesmo...

- Pasmém Mente! Pare um minuto! Não aguento mais lembranças!!!!
- Lembranças são boas menino! Te fazem corrigir os erros e lembrar dos acertos.
- Sim... Sim! Isso eu faço. Mas as músicas me levam para um mundo que não consigo assimilar meus sentimentos, vontades ou desejos. Me tiram o completo amor único e me divide em vários tons de sentimentos diferntes em cada música que toca e...
- Mas é para isso que você guiou sua vida não foi? Você sempre sentiu-se mais completo escrevendo sobre suas dores e escrevia a lira que ecoava dentro de você, estou errada?
- Não... Mas...
- Então é por isso que você cada vez que escrevia, você pensava em uma música e escrevia sempre para alguém. Eu simplesmente fiz o favor de guardar o texto, a música e a pessoa. Então cada vez que você ler o texto, ouvir a música ou pensar em uma pessoa eu te mostrarei tudo que aquela pessoa significa para você.
- Mas isso é doloroso! Por favor... Queime isso!
- Não é tão fácil quanto parece Matheus... Preciso de tempo para assimilar que você não precisa mais dessas coisas e você já parou para pensar que isso pode te transformar totalmente? Pode transformar você em uma pessoa fria, sem lembranças, sem sentimentos e, pior do que tudo que você sempre sonhou, ficar sem amor no coração?
- Sim! Mas é uma coisa que está me machucando... Isso há tempos acontece. Você sabe. Eu não durmo por causa disso, eu não consigo viver os momentos da minha vida por causa disso... Entre muitas outras coisas! E mudar... Todos mudaram ao meu redor... Eu que nunca fiz uma mudança drástica de verdade!
- Sim. Mas você mudou Matheus. Mudou muito por sinal! Só ler seus textos antigos e os de agora. Você amadureceu menino. De uma maneira diferente mas mudou. Seu olhar para o mundo mudou muito. Você está maduro, mas a coisa que você mais quer enxergar que é a sua vida sem dores sentimentais é uma coisa difícil de se mudar... Você levou tempo até chegar a este estágio que está. Vai levar mais tempo ainda para você esfriar tudo que sente por alguém.
- Eu vou tentar! Prometo! Mas até lá o que farei?
- Cante livre e alto esta dor! Escreva retratando cada parte que está. Seja viajante e abstrato que tocarás no coração de sua amada. Se for necessário, esqueça sua existência. Queime cartas, Rasge presentes, Mande embora objetos que faça você lembrar dela. Quando tocar sua música... Chore por tê-la perdido, e você sabe que, na realidade, você já a perdeu. Mas chore pela sua morte eterna!
- E você, nesta minha nova caminhada, apagará as lembranças todas?
- Prometo! Mas para isso você tem de dar o primeiro passo. Nada é tão fácil de mudar sem o seu total envolvimento! Não posso apagar lembranças que você faz necessárias para seu coração pulsar. Entende?
- Sim! E pode ter certeza que vou lutar com minhas maiores forças...
- E eu tenho certeza que você...

E interrompido fui... Pela mesma música... Pelas mesmas lembranças... Me deixando perdido no caminho todo... Mas ela me disse! E ela está certa... Acabou tudo entre tudo... Nada faz voltar ao tempo passado... E isso tudo já me machucou muito...

outubro 06, 2004

Sem Sentido é o Complexo...

A estrada e o vale abrem como um leque que dá ampla visão.
Tudo corrói com o tempo implacável.
E lembranças dançam como sombras ao vento.
Tudo é degustado na solidão clara e contente.
Como uma poesia escrita por mãos trêmulas.
Modulado tudo é pela sua paixão extraordinária.
E acabando de começar de um fim finito.
Diversão postada nas paredes de enlace.
Ritmado, agitado e rápido embala o fundo.
E nada é rejeitado pelos sentidos em transe.
A missão concreta disso é perdida no monte.
Queimando eternamente todas as ruindades terrenas.
E nada termina se não for tarde demais.
E pode-se contar os tempos que cantei a lira.
Noturna, inexorável e redundante vida.
Desenhada pela mente e colorida pelo coração.
Sempre foi o passado ditado que fez chorar.
E o adesivo vai me recordar os momentos.
Que vivi, sem alma boa, por diversos caminhos.
E me acorde quando tudo terminar.
E já tiver encontrado o sentido final dos dias ensolarados.
E toda essa próxima estação trouxer de novo.

outubro 01, 2004

O atrito gera substâncias indolores finais...

Os dados são lançados pela garra afiada e batem um número primo, ao mesmo tempo que o velho rapaz viajante perde seu último suspiro de aposta na mesa. O aparelho televisiona alguma abobrinha política barulhenta e a mochila é aberta em busca da esperança final. As figuras no álbum adesivo se mechem ao sabor do movimento, criando em si uma novela única e inédita aos olhares pesquisadores. Ouvidos escutam algum murmúrio baixo e etoneante, propício de comemoração particular. A vodka tem seu gosto mais suave por causa do gelo que derrete no duro verão fora de época. Passos, corridas, cenários montados, liras cantadas, uma estrofe. Sem saber do final, o poster coroa o momento e é esticado de forma a sempre ser lembrado. O lençol branco, confidente do travesseriom ouve as lamentações expelidas pela boca triste. Dando o toque final a essa obra prima erudita. E isso tudo só termina quando a lótus abrir inteira, mostrando seu interior puro e discreto. Todo o poder nela concentrado vai premiar o último cavaleiro que cantar, em verso livre e branco, a redondilha menor mais perfeita já realizada. E os trovadores, depois disso, desataram em coro o choro da derrota.