agosto 19, 2010

Se pedissem para escrever meu sonho...

Não sei se conseguiria, acho que faltaria algo que sustentasse tamanha descrição. Talvez não desse foco na cor, na mistura plausível de uma aquarela infinita... Talvez faltassem ouvidos para apurar os sons, sons de tudo, da planta respirando ao eco em um vale perdido... Talvez as máscaras que cobrem as personagens sejam mal interpretadas, pois elas nem sempre são os principais nos devaneios... E por fim, talvez eu não sonhe, talvez eu viva em uma realidade alternativa e que todas as vezes que me pego falando sozinho é, na realidade, a minha participação ativa nesta outra. Talvez este texto já tenha sido escrito e toda minha obra, minha loucura repentina transformada em frases, seja só um diário das lembranças deste meu outro eu, em um outro lugar... E, longe de novas definições, eu não sei dizer mais nada, além de notas, de rima e de abstração.

agosto 07, 2010

Seja educado, diga algo bem vago...

E não adianta o que eu faça, é meio impossível. Olhá-la é como um crime de tentação, uma sentença perpétua do organismo... É invisível a perceptividade, porém é completamente visível o não desejo dela... A vejo perfeita, sorridente por minha lira, dançando conforme minhas letras e arranjos... Entrando naquele leve estado de frenesi por causa de meu ritmo... A vejo assim e quase posso tocá-la... O sorriso é correspondido, os olhares se cruzam, o cabelo esvoaçante dança em um ritmo que quase posso acompanhá-lo... É o meu ritmo! Meu ditado embaçado e incompreendido a fazendo dançar. Empolgo-me ao mesmo tempo em que seus olhos cruzam outros e o mundo para... O sorriso é de outro brilho, o ritmo tem quebradas estranhas e desacompanhadas com o anterior... Os cabelos esvoaçam e gritam para a volta do anterior, mas o coração dela já foi engatilhado para o outro... O coração ditou mais uma das loucuras existentes... E em segundos, eu a perdi para um par de sorrisos ao seu lado. Sem lira, sem ritmo, sem poesia e sem rima... Simplesmente o pouco espaço existente venceu todo o meu trabalho...

agosto 02, 2010

Eu não finjo que conheço...

Depois de inventar caminhos desfeitos, tentei sacramentar a poesia. Inscrevi dizeres populares e rimas prontas, perfilei grupos de sonetos e tenras epopéias. Figurei de colorido os finais sombrios, assoviei cantorias esquecidas e nunca inventadas... Transcrevi tudo que pude enxergar com meus olhos desacostumados, experimentei os limites impostos pelo meu tato, agrupei sons que pude dedilhar pela audição. Utilizei todos meus sentidos para conseguir chegar ao lugar comum do não lugar... Ao lugar que talvez nunca deveria ter saído e, quando consegui acordar, fui descobrir que eu era mais um na multidão de perdidos deste cenário... Mas poetizei como poucos conseguiram todos estes poderes revelados e por esses notórios arranjos, me chamaram de amigo.