outubro 29, 2005

São os olhos de um poeta louco que contempla a noite...

Vivendo pelos pertences jogados na estrada do viver, as migalhas de sentimentos são os alimentos. E já foram um banquete de pássaros e humanos, regados com a pura lira e o concerto bonito de números aleatórios. Identidades queimadas, vidas arrancadas, desespero anatômico. Talvez se o amor não fosse o regente-mor existiria a alegria como parceira. E mesmo assim o caminho continuou, intenso e uniforme, com todas as características aquém universo. Medidas, paradigmas, fotos e vinil. Do acervo romântico não tinha espaço para mais nada, completo e saturado. Todos amavam demais, eram românticos demais, poesias demais... Mas faltava um pingo de realidade, um pingo da pinga mais artesanal. Faltava o choro do não correspondido, o choro da despedida quando se estava só, o platonismo imperial... Faltava um pouco de vida no mundo. As cores eram alegres, mas existem as cores tristes. E foi ali que começou a angústia... A saudade de sofrer, de viver e não saber se está certo ou errado... Começou ali a desmoronar a, até então chamada, linda perfeição. Nem deram atenção... Somente pelo fato da embriaguez acentuada, da cegueira nos olhos e de nunca ter entendido realmente o que fosse amar. E mais um canto enterrado com vida digna, no mundo de imagens alegres onde a tristeza é vista como demônio e repudiada da existência alheia. E o poeta ficou no caminho alimentando-se da sobra do mundo cartesiano.
Melancholy Sickness

outubro 24, 2005

Defino o tudo em pequenas palavras inexistentes...

Folheio as páginas despedaçadas pelas lágrimas, pelos gritos e da tristeza de um coração, que tentava mostrar vida. Revivi o mesmo sentimento, no mesmo lugar, da intensidade mãe seletiva, pude examinar a angústia. Novamente senti a mesma dor que brotava do peito, arrependido e sedento, que corroia como veneno as entranhas do corpo. Estranhei a mudança de tempo, os fatos no jornal, a música do rádio, o livro da cabeceira... Tudo era tão igual, familiar, e aconchegante. Exatamente o mesmo espelho puro da vida real. Indaguei, acordando do transe, e percebi as folhas poetizadas influenciadas pela música cadenciadamente linda e as lembranças, vivas na memória, espalhadas pelo quarto e novamente tentei buscar a vida perdida antes de amar tanto assim como amei... Em vida, sonho e luar...
Melancholy Sickness

outubro 16, 2005

Abençoado pelo copo o sentimento inerte...

E pelas noites quentes o amor rodou e vagou pelos trilhos do mundo e do sentimento. Trouxe para a mente os brinquedos predileto. O platonismo invadiu-me de maneira que só pude sonhar e reviver denovo toda a tristeza dos dias que passava escrevendo as poesias da vida. Não mudei simplesmente esfriei rente a morte, as músicas ganham o significado e agora choro ao invés de cantar. Mas lembro de cada linha e sei que tudo isso tem seu nome, tem sua marca e tem sua eterna presença. Acústica e terna a vida vai continuando, dedilhando sempre o momento e as marcas. Lembrando das ruas, da lua, das estrelas... Elas que sempre foram confidentes e testemunhas da escuridão e quando toca o som o meu semblante se abate e traz algumas marcas de tudo isso... Vivo meu presente e agora nada está comigo, tudo é um embalde nostálgico e redundante. E por incrível que pareça... Estou feliz neste caminho e nem vou sair... Tomara que tudo continue certo.

outubro 06, 2005

E é completamente sem sentido...

O que pode-se contar de uma história não conhecida? De um conto sem final? De uma música sem notas? De um amor sem ser correspondido? É a mesma coisa que querer o dia na noite, o claro no escuro, o líquido no gasoso, o lido no não lido... Abstrações frutais de um mundo qualquer, ditado ou poetizado, crônico ou antológico... Tanto faz pois não se tem a certeza de nada... É o que querer fazer de triste no belo, no magnifício da derrota... É o adeus sem um sorriso, nem lágrima, nem um agradecimento... É um até breve sem data, sem dia, sem local... É um oi sem sentimento algum, um sorriso sem graça, um beijo sem paixão... Mundo infrutífero e sagaz, voraz e tolerante... Mas que continuamos regando os desejos de uma triste praia, repleta de sol quente e vento fresco... Regando um jardim de sonhos, magos e elfos... Delirando ao sabor das drogas um mundo impossível de se existir...

outubro 01, 2005

Tentando rimar a incerteza...

A noite calou pela última vez da janela mundial. Ruídos foram ouvidos do outro lado mas foi o rangido da tristeza que tomou conta de todo o ambiente. Foi crescendo e personificando, marcas apareceram nas paredes, lembranças viveram na mente pertubarda e o choro veio completar a cena. A noite teve tudo de novo mas nada foi inédito. Há tempos não se recolhia ao pesadelo do viver, há tempos não escrevia a lira incerta do sentir, há tempos não sentia a dor do coração batendo pelo platônico. Tudo foi crescendo e intensificada foi a boreal que surgiu no esplêndor. As mãos tremeram enquanto secava o sangue que percorria o corpo. A depressão estampada nos momentos só era quebrada pela força que a tristeza gerenciava a vida. Nada de mudanças, nada de evolução. A dor implacada era a mesma de todos os dias, as forças não existiam mais nas veias do corpo. Corpo este que suplicava pelo fim de tantas coisas ruins e tentava lembrar como era bom sonhar e viver...