abril 30, 2011

Sem explicação de tanto calado...

Com ela não consigo ser, por mais presente ou simples que seja. Com ela me falta o ar. Com ela me sobre o perfume das pétalas que, de tão belas, ocultam meus suspiros. Com ela paraliso no instante, no tocar de dedos, no emaranhado do cabelo e na situação inversa. Com ela volto a ser criança e espero o lírio doce de uma dança perdida. Com ela descubro o verde e brilho da esmeralda dos sonhos. Com ela sou tudo, mas como me falta o tato de continuar, me calo no momento aberto. Silencio após o melhor dos beijos, ocultando as adversidades extremas da conspiração. Com ela sou tímido... E como ela disse tamanha frase, acabo paralisado neste momento complexo. E deste triste fim não escrito, balbucio minhas vontades. Calado, saboreio a derrota consumada e previsível. De tanto pensar com ela, acabei sozinho, tentando encontrar respostas em palavras alcoolizadas de pré-sono. Acabo com dúvidas e simples "porquês" na cabeça. E termino...

abril 23, 2011

O que há de errado com o tudo bem?

Doce melodia tão difícil de cantar. Flashes de memória que transcrevem os momentos que o rádio cantou, em uníssono, o orvalho do anoitecer. Um leve apanhado de luzes, daquelas que brilham em um escuro promissor. 'Vamos e vamos, pois temos tempo do mundo perdido!', estava escrito em uma lápide que passou algum tempo em desventuras. Silêncio forte e construído, históricas correções daqueles erros bobos que cometemos, por não perceber que não existe melodia nesta vida em que tentamos refrescar com o picolé vespertino. Palavras que não possui entendimento, palavras essas de um resgate lento. Simpatias, broches e pitacos. Recheios, rimas e sorrisos odiados. Nunca tive tanta dúvida em mente e assim, com este completo pesadelo, intitulo o pergaminho borrado como se fosse uma chave de ouro. Uma chave de ouro repleta de inspiração daquele lugar tão distante, tão distante e distante daqui...

abril 21, 2011

Pitadas racionais que não se interligam...

Eu não sirvo para as jurinhas de amor que beiram a novela famosa. Eu não sirvo para acariciar um sorriso postado que beira a falsidade. Eu não sirvo para retribuir um amor que beira o inaudível. Eu não sirvo para entrelaçar dedos que não descruzam braços. Eu não sirvo para ser apenas mais um em meio a tantos. Eu não sirvo para ouvir comparações de astros que não brilham mais. Eu não sirvo para entender razões que se perdem como pó. Eu não sirvo para aquelas tontas comparações vazias em bordões baratos. Eu não sirvo para calar-me neste pretérito, que de tão imperfeito não conjugou. Eu não sirvo para ser temporário e, pensando por outros métodos, foi só o que você conquistou. Eu sirvo quando for para amassar e lançar no abismo infinito todas essas especulações baratas. Sirvo para apagar e reescrever novos passos. Sirvo para sorrir na chuva da desgraça e chorar na queda de alegria. Sirvo para poetizar uma nuvem, um silvestre ou a pétala de vento. Sirvo para a eternidade e sinceridade, pois elas são escassas e o mundo ainda não as conhece. Simples assim...

abril 16, 2011

Fáceis paisagens cotidianas...

Se soubesse que seria a última noite de estrelas, teria colorido o céu com o infinito décimo. Se soubesse que faria a última curva, brecaria na encruzilhada de emoções. Se soubesse que a certeza falharia, teria feito meu pedido com a sinceridade que nunca me foi refém. Se soubesse que o mar mudaria, enxugaria as lágrimas que acumulavam e daria um novo laço de surpresa naquela simples prenda. De presente ao passado, um futuro de pretérito. De sempre ao nunca mais, um convite vencido. A vida desenha curtas passagens com largos corredores. A vida bifurca horizontes e emaranha fatoriais possibilidades. A vida brinca com suas páginas, como aquela criança com olhos de aprendizado. Carrega para um lado como peões próprios e deixa ao pó as peças necessárias do quebra-cabeça, que tentamos como inúteis chamarmos de vivência. Traça quadrinhos de gibi inocentes e pitorescos e depois traz os ventos de mudança para o ambiente épico e trágico. A vida fez tudo isso e se eu soubesse seu enredo completo, teria desenhado a incerteza como resposta final e pintaria todas essas dúvidas em meu leito de eternidade.

abril 10, 2011

Como se fosse uma música...

O rádio canta aquela canção triste e eu penso nas melodias perdidas que me fizeram chegar aqui. Todos partiram, todos me deixaram com rasgos imortais, letras isoladas e harmonias repetidas. Tentando andar e visualizar através de borrões premeditados. Tentando ser verdadeiro, não sendo coeso. Vivo em um limite imposto por tragédias coloridas. Caminho por momentos abafados e de risos rarefeitos. Questionamentos marcados em papel inexistente ganham a vida neste cenário que não consigo descrever. Enquanto desengato para viver a emoção da descida, seu espírito proclamava os últimos suspiros e o Adeus era concreto. Pobre garota que se perdeu entre planetas. Pobre garota que acreditava que nuvens eram algodões modelados. Pobre garota que se perdeu em uma falsa promessa, de uma quinta-feira nublada. Os versos escritos e cifrados voaram em algum momento e eu não pude buscar. Não pude trair meu instinto de poeta. Deixei-os voar livres e sem anseio. Deixe-os se perderem... E com eles, tudo acabou de uma maneira melancólica. Todo um possível trabalho único. Toda possível música especial. A canção se perdeu, mas você ainda canta as mesmas coisas... Você ainda canta em alguma varanda pintada de anis.

abril 08, 2011

Do estranho aritmético…

Busquei respostas, procurei a luz e tentei alcançar o fim esperado. Viajei por redondilhas que me puseram um glamour exagerado, pulei por sonetos que, de épicos, me carregaram de bravura, mas nada findou em cores que pudesse transcrever. Andei por corredores infinitos onde jazia uma esperança descolorida pelo tempo. Reacendi castiçais puídos por rigorosas estações. Tentei tomar controle de emoções diversas, que se espalhavam como grão perdidos da colheita. Redigitei os números aleatórios que sempre encerravam com a doce e risonha voz. Redescobri estrofes que se espelhavam nas doces epopéias manuscritas. E fiz tudo isso, pura e simplesmente, por conta de uma noite perambulada. Uma noite sem sonhos e sem olhos cintilantes. Uma noite clara que devastou toda e qualquer razão da emoção. Fiz tudo isso para abstrair minha vida do resultado. Retirar o mundo do zero das aplicações. E consegui...

abril 02, 2011

É a vida e a morte...

Tenho essas anotações parciais de anos passados. Fragmentos de uma vida, de visões e de decisões feitas que desencadearam novos caminhos. Anos passaram e estou aqui colhendo esses turbilhões. A vida passa rápido, a vida passa lenta. Rápida para os dias claros de alegria, lenta para os nublados de dúvidas. Gritos de liberdade! Frases inacabadas, rabiscos, como solos soltos em uma melodia inacabada. Algumas partes do famoso "preto no branco", com as certezas e vitórias erguidas em poesia estranha. Batidas fora de ritmo que soaram por algum momento na curva de destino. Singularidades de um anseio sóbrio que, perambulando nas madrugadas não encontrou seu lugar. Tudo muito alterado, possuído e estridente. Sim, as equações não bateram, os amassos só fizeram o fervor durante os primeiros segundos e eu mudei antes que pudesse pedir uma nova porção. De assíduo, virei às vezes e depois passei para algum. Como um pergaminho em outra língua, pude ser pouco entendido. Alguns me admiraram e parabenizaram pelo empenho. Eu nunca ouvi e hoje, anos depois, mesmo sabendo que pude melhorar nesta jornada, ainda me vejo o mesmo não-sentido. O mesmo não-lugar que vasculha entre verbos e substantivos, que abstraí o seu mundo para tentar concretizar a sua missão aqui. Eu mudei, não para te encontrar ou achar um sentido para tudo. Eu mudei para te esquecer, porém mudei tanto que me esqueci desta missão e ainda poetizo sem fim, durante todas as noites, em diferentes palavras, mas para apenas uma relva. A sua e somente sua.