dezembro 23, 2011

O meu presente de nascimento...

Foi bom te ver nem que tenha sido por uma foto. Estática, cortada e sem destaque. Foi bom te ver, simplesmente por ter este sabor de nostalgia em um fim de tarde. Foi bom te ver, apenas para te desejar, no meu surdo gritar, tudo de bom. Foi bom te ver, pois se hoje escrevo essas linhas, os meus pequenos e primeiros versos foram apenas para você. De fato, de amor, de cor e salteado, da pureza mais concreta existente, da mais bela e infantil forma de gostar. Foi para você que comecei estas minhas tortas linhas, essa minha busca por algo sem definição, essa minha luta para achar o poema perfeito. Foi bom te ver, para eu relembrar todos os gostos, o suor nas mãos, o portão fechando, o tato adolescente, o coração na boca, o nervosismo e depois a gritaria da alegria. O dia de sol o inverno da espera. Foi bom te ver, mesmo você nunca entendendo, mesmo você nem sabendo... Foi bom te ver, porque no meu silêncio eu te disse: Obrigado!

dezembro 21, 2011

Vão-se as imagens, fica a mensagem...

Carreguei minhas poesias por estradas desertas. O sol escaldava suas explosões em meus olhos, o sol explodia em partículas uma acidez enorme em minha vida. Poetizei como ninguém um enxame qualquer de ruptura carregada. Destilei meus passos, filtre meus átomos. Não me lembro se foi de alucinógenos ou culpa da sede, mas as imagens começaram a dançar em minha frente. Um corpo morto caiu, uma panda dançou em ritmos aleatórios, um pedido de socorro foi ouvido por entre as árvores e delas saíram voadoras criaturas do amor. O ambiente era fantasmagórico, era daqueles indescritíveis e meus lábios escreveram cada detalhe com a rica cor de uma primavera. Algum ponto de clareza deveria existir, mas não foi captado. Eu carreguei as minhas poesias pelas poeiras mais baixas, pelas escapadas mais milenares. A redundância beijou minha nuca e correu em direção ao "Adeus pronto". Ela gritou por entre as pernas, ela girou por entre os corpos e salpicou com seu melhor tempero o meu final. Eu carreguei minhas poesias por este mundo inexistente, carreguei-as para ninguém ouvir e para não clamar que de louco viveu e de estranho morreu...

dezembro 19, 2011

Um fim qualquer de um passo esquecido...


E deixei seus braços de veneno para que meus inimigos enxergassem toda a beleza emanada. Contemplei por anos meus passos frouxos e cansados que seu nome fez. Sem lembranças e sem destino, vivi como se fosse um vento noroeste perdido em um suspiro qualquer. Eu consigo fechar os olhos e viver um sonho. Consigo abri-los no meio da vida e enxergar o seu brilho. Eu consigo enxergar o caminho, mas é tão difícil seguir os passos pelas pedras. Elas passam voando pelos meus dedos e fazem as mudanças que querem nestes passos soltos. Talvez eu precise de uma droga nas veias, uma dose certeira de promessas e falsos moralismos. Beberia de uma fonte infinita um veneno qualquer que me levasse para bem longe. Viveria de extremos apenas para saber como é o tenro sabor de me sentir perdido. De me sentir preso a algo tão impossível e inexistente que me causasse medo. Talvez eu olhe muito profundamente para tentar saber a cor dos meus sentimentos. Destes mesmos sentimentos que ditam uma rotina ordinária. Eles seguem como os voos dourados de uma alcateia que se perde no coletivo. Eles seguem em busca daquele tesouro enterrado, guiando apenas pelo destino de um mapa com um "X" rasurado. Com ou sem melodias, eu me perco nas estrofes apenas para me desesperar por saber que sou completamente apaixonado por tudo o que você criou e me deixou morrer.

dezembro 16, 2011

De um livro e canção saiu meu coração...

Mando essa carta como alento para uma mente viajante. Escrevo para tentar liberar todas as energias de meu corpo, de meu coração que cansa de pulsar para um organismo sem muita emoção. Tento rimas tontas, neologismo básicos, rabiscos modernos e perfeitos significados. Tiro da matéria e tento voar por um espaço curto, pulando de planeta em planeta para ver o que de melhor cada um oferece. Estava esta imagem naquele livro que era para ser infantil, mas se perdeu em referências anuais e foi parar em uma música esquecida, da banda da rua extrovertida. Existem obrigações, existem caminhos e até mesmo as cores de nossas canetas. Tudo isso perde um pouco o rubro quando me lembro de você, de seu toque e do seu jeito tão irônico de me fazer sorrir. Perco o tato, o chão e até mesmo a direção no instante momento que tudo começa a surgir. Juro que as rimas não deveriam existir, pois escrevo em prosa o que o poeta não entendeu. Escrevo em frases curtas e até perdidas, o que o poeta esqueceu. Ele deveria ter te dito tudo isso, em forma de soneto, com grandes intervalos e redondilhas rarefeitas. Ele deveria te fazer perder o ar de tão alto que te levasse e transformar este amor em formas perfeitas. Rimo sem mentir, rimo para te fazer mais próxima de mim. Rimo para tentar resgatar tudo o que se perdeu, quando eu era um poeta para você. Rimo, pois se o poeta não existe mais, eu estou ainda aqui. Tento sem jeito, com pingos de medo, rimar até o que partiu. Mas o mais prazeroso, é que rimo meu nome ao teu, para fazer desta nova página um eterno começo sem fim.

dezembro 12, 2011

Escrito com algo que poderia ser seu…

É a última pétala de um imenso buquê. É a última noção de um complexo caminho. Eu arrumava o jardim sujo de tentativa vã e ela me olhou como se recorresse aos antigos tempos para tentar brotar algo inexplicável. Ela deu a mão por algo que talvez nem soubesse a razão, nem soubesse a procedência e se existiria alguma redenção. Houve um beijo interrompido por outrem. Houve toda aquela descoberta do atrito de corpos e fluídos encharcados de uma saudade e de uma importância divina. Vi deitar contemplando o infinito de amor, mas sabíamos que as pétalas voam e este era o último suspiro que poderia existir. Os momentos devem ser vividos como últimos, os beijos dados devem ser saboreados como únicos e todos os sorrisos soltos, guardado com a urgência necessária. Meu jardim repleto de daninhas arranhadas pede ajuda, pede minha urgência e minha soltura. Ela sabe de tudo, sabe até como me amar, mas todas essas gotas de chuva não me fazem percorrer o estreito necessário para viver completamente essa tentativa. Só me resta sorrir e guardar tudo dela apenas para mim, guardar para quando este silêncio voltar, eu lembre como é doce e perfeito as notas musicais de sua voz na minha vida.

dezembro 02, 2011

Os sons ecoaram difusos no horizonte...

Foram verbos intransitivos, daqueles que planejam a fuga e não se dão por vencido. Foram luzes que escaparam pelo caminho, trilhando novos amores e tenros sonhos recheados. Foram palavras estraçalhadas, sem ação e adjetivadas com o máximo dos pronomes. Foram perfumes soltos de um buquê morto, com um cartão borrado e sem muito amor. As frases foram destruídas pelas orações compostas de angústia e muita vibração. Uma criança com um lápis de cera branco pintou de anis o corrimão do acesso. Pintou a vergonha de gaivota e se esqueceu de voar na imaginação. Foram duras palavras práticas, de início e ditas com razão. Uma previsão de futuro, uma anedota perdida, uma escuridão do amor, um refrão. A criança fechou o livro, fez o vento ventar e a cantiga ninar. Ela escolheu os sujeitos existentes, fez as rimas fantasmagóricas e dedilhou seu banjo cruel... Ela é uma criança apenas, diriam as más línguas, mas uma criança que entendia de redondilhas...