novembro 26, 2009

Encontrei a solidão até na poesia...

Tentar encontrar a linha que larguei tanto tempo atrás, por pensar diferente e sentir gostos que, nos momentos passados, fizeram o efeito de exclusão geral. As pétalas saboreiam o vento de uma forma delicada e angustiada... Os pássaros cintilam uma doce esfera com a rajada de vento... Meus olhos tentam captar a poesia por trás das cores, tentam cantar a melodia doce que antes era fácil e completamente conhecida... A música mudou, as notas foram invertidas ou, de alguma forma, são desconhecidas aos ouvidos que se entristecem ao saber que o mundo girou e não captei essa mudança. A frequência de tudo oscila agora em passadas diferentes, em ritmos diferentes, em mundos diferentes... Minha antes companheira de noites em claro, em angústias imensas se foi para um lugar que preciso, novamente, aprender a viver... E até lá, até no recanto da poesia encontrei a solidão fria como companheira estimável.

outubro 30, 2009

A falta de poesia, a falta de amor...

Os dedos antes sempre acostumados a ver a beleza na incerteza, a ver a beleza na neblina que paira sobre a vida, sobre as decisões não tomadas. Dedos estes que sempre buscavam uma viagem mais longa da mente e do coração. Dedos estes que sentiram falta de um amor para se cantar. Sentiram falta de ter aqueles sonhos inexplicáveis e completamente despojados. Sentiram falta da risada singular e do olhar perdido em meio a uma multidão encantadora. Parecia cego, mas houve uma busca por isso! Parecia surdo, mas houve atenção aos sinais luminosos que brotavam vida. Olhou marcas deixadas pelo caminho e eles levaram a um passado de lembranças boas e vivência única. Encontrou um velho álbum de fotografias e folheou com lágrimas inocentes. Embriaguez imposta pela vontade contraditória, ligações perdidas no silêncio do segredo, páginas seladas de um futuro completamente idealizado... Enfim, nisso tudo achou a poesia que tanto sentia falta e se cansou, pela vez que já nem sabia contar, de perder a essência da sua existência e voltou a prometer que desta poesia jamais iria sair.

setembro 29, 2009

A pintura isolada em um imenso jardim...

Com entorno de criação me perdi para sempre. Tentei almejar um bom lugar para avistar tudo, mas de só avistar, meus braços doeram e tive que ir para luta. Nesta luta, suei e perdi os pontos necessários mais do que ganhei, porém, na outra visão disto, ganhei vida e ganhei a alegria do tentar, a sabedoria do perder, a abstração do planejar e o aprendizado do retornar. Vi minha vida sair do amarelo colorido para um cinza solitário, vi minha vida sair dos sonhos calmos para o vazio sem fim da aquarela abandonada. Sem ajuda e com muitas incertezas eu consegui reconstruir as passarelas que fizeram muitos curiosos voltar a visitar as obras perdidas e sem significado. Sem ajuda vi muitos partirem rindo da insolência e esbravejarem críticas altas, mas sem um esforço nítido em mãos... Mas, sem razão plena, eu sorria e a cada vez que parecia um novo declínio de vida, eu transformava a tristeza avassaladora em conto e prosa. Com personagens abstratos eu transcrevia meus sentimentos e assim, sem mais nem menos, nascia outra obra isolada e sem sentido algum. Para mais uma volta deste brinquedo...

agosto 20, 2009

Eu te amei...

Com todas as forças inexplicáveis... Eu te amei! Construindo caminhos difícies, me privando de luxos financeiros e pessoais... Eu te amei! Em toda briga, em toda discussão, em todo toque e em toda atração... Eu te amei! De dia, de madrugada, a tardezinha ou a cair de sono... Eu te amei! Eu inflei meu peito, contei aos trinta mil cantos do mundo, falei ao carteiro, porteiro e telefonista... Eu te amei! Em jogos sérios, em horas parados, no calor e frio intensos... Eu te amei! A cada surpresa, jantar, viagem e realeza... Eu te amei! De minúsculo ao infinito, de fraco até indestrutível, de rascunho até arte perfeita... Eu te amei! E hoje, hoje acordo com um gosto acre na boca, uma pontada no coração de que tudo foi um banho de mentira, cada palavra e cada gesto que achava real... Se desfez como pó no vento, hoje percebo que em todo sorriso, existia uma ponta de incerteza que antes não enxergava... Hoje eu percebo que a cada palavra pronunciada, tinha por trás uma tormenta de mentira... E hoje eu percebo... Que amei a mentira, a falsidade e fui vítima de um jogo que achava não existir atrás das suas doces palavras... Hoje eu te mato e sigo minha vida, mais desconfiado do que tudo... Mais triste e introspectivo... E hoje é a última vez que pronuncio seu nome para alguma coisa...

agosto 14, 2009

De todo o céu escuro...

Brotam raízes intermináveis, brotam poesias de um épico drama, brotam sorrisos de faces conturbadas, brotam lágrimas esquecidas de um poema ignorado. Vivem fantasias de olhos admirados, vivem contos de passados históricos e doces... Doces aventuras ditadas. Os sorrisos mostram os meses convividos, as histórias simbolizam a confiança adquirida. O álcool rega o final da dança, mas que continua pela malícia e irreverência. Pelo pensamento negro e proibido, pela foto vista e educadamente ignorada. Pelo pudor ou pelo riso de canto, pela vontade profissionalmente reprimida. Com o simples abaixar de olhos maldosos eu continuo ou retomo... Aquela linda dianteira mal-interpretada e consciente de que a melhor escrita é a do platônico embriagado.

agosto 07, 2009

Na volta do refrão partido...

Depois de muito pensar e pesar hoje me despeço para sempre... Hoje começo um capítulo novo e angustiante de uma vida em que todos clamam que perdi. Hoje começo um novo caminho. Hoje começo com aquele gosto acre da incerteza, mas certo que fiquei contemplando o vazio por muito. Hoje eu saio e não tenho hora para voltar, se voltar... Hoje ponho a camisa que você detestava e mudo até meu cheiro. Hoje um novo nome surge no meio de uma multidão triste e desolada. Hoje o álcool rega, amanhã arrepende e depois alegra. Hoje meu telefone muda e minhas cartas endereçadas para o platonismo são queimadas... Hoje canto o refrão débil e hoje eu volto a ser aquele cara que você conheceu há um tempo atrás...

agosto 06, 2009

E depois de tudo...

Foram frases jogadas em uma ajuda melancólica. Uma investida de lembranças, mas pareciam lágrimas com sorrisos. Uma alegria simples, mas sincera. Uma alegria do passado vivido. Era uma relação pelo olhar, uma sinceridade pura e o complexo relacionamento. Éramos uma peça única de um quebra-cabeça indefinido. Éramos um tear de sonhos que sustentavam-se pelo sentimento. Éramos tudo e acabamos como um nada... Acabamos com um melhor momento escolhido por cada um... E mesmo assim, tendo a certeza que nunca irá se concretizar. E o que restou disso tudo, além das lembranças, das investidas conhecidas e das muitas figuras pintadas... Foi o dia mais triste de nossa vida, que sonhávamos ser o mais perfeito.

junho 29, 2009

As razões de lágrimas inexistentes...

Seria uma falta sentida, uma ausência irreal, seria um novo sonho quando todos os outros morreram, seria um novo entendimento daquela velha frase, seria uma vontade de tentar diferente, seria uma falta ao lado, seria uma saudade das coisas tolas, seria uma letra diferente, seria até mesmo o toque... Poderia ser o suor de satisfação ou até mesmo o do esforço, seria uma voz longe que faz pensar, seria a música que é teclada, seria o beijo dado, seria a imagem distorcida, seria o apito final, o alarme do carro, o fósforo do aquecimento, o brilho vindo da janela ou até mesmo o picadeiro de uma discussão... Só que não é nada aqui, sem você.

junho 14, 2009

Tingiu-se de fosco colorido...

Um céu outrora branco e listrado de promessa se pôs a lamentar-se. Correu-se por veias divinas cheio de lamentação e confuso de Sol e Chuva. Hiportemia barata do amor, com lágrimas secas de uma pétala cor de violeta. Pergaminho ditando um caminho doloroso e cintilante, de brilho eterno, rumo ao desconhecido jardim infantil. Se fosse amor não seria notado, com flash embutidos na gola alta da surpresa... Se fosse amor não seria ruído de dentes feitos para bater... Se fosse amor seria um anúncio de infinito com data de validade. As portas pratas que abriam o desfecho tinham um ar de mistério... Os poucos atentos viram o pedido mortal pixado em seu rodapé... Os poucos atentos ouviram, ao bater, as notas fúnebres de uma canção mal-resolvida... Os poucos atentos olharam os pássaros voando para longe. E se bateu! Como bater asas? Não! Como bater ovos na frigideira? Quase! Ele sentiu-se encurralado demais... E correu pelos cantos! Só se deparou nas portas do labirinto que não fora construído, não fora planejado e não fora instruído. Seu amor selou a carta resposta e atravessou a avenida desenhada a sua frente... Sol e chuva pintaram de vermelho a rosa descabelada.

maio 22, 2009

Os mesmos sapatos...

Que outrora desbravaram dificuldades e novos caminhos, que foram guias em dias perdidos, que conheceram muitas pessoas de sotaques diferentes e que ouviram muitas histórias. Um sapato vive o que a pessoa decide, seus caminhos e decisões, suas lutas e vitórias... Seu suor e seu orgulho. Foram esquecidos por muito tempo, anos se passaram... E, no mesmo espírito anterior, calçaram confortavelmente e se puseram a andar por terrenos de onde eles nasceram mas, pela ironia do destino, nunca houvera andado. Depois de anos, os sapatos tão surrados, conheceram a cidade onde foram feitos e comprados... Onde, há anos atrás, encontrou um par de pés, tão perdidos quanto eles e, juntos sempre, venceram inúmeras lutas... Inúmeras trapaças e desconfianças... E juntos, novamente, deram, ao dono de tudo, as memórias passadas e, juntos, prometeram, pelo pouco tempo que resta dos sapatos, virar mais uma página da vida do dono e vencer mais algumas batalhas. E por isso que eu olhei para eles e sorri, como quem sorri para o sol após uma tormenta infinita... A página que nunca seria cerrada, começou a virar.

fevereiro 20, 2009

Se foi como o sabor dos dedos...

Foi sem querer e teve malícia, foi um olhar e teve razão, foi uma brincadeira sem verdade, foi algo simples sem redenção. Foi melado com sabor de hortelã, com um olhar bobo e palavras de vento. Foi uma explicação já devidamente entendida, foi quente como se nunca tivesse que parar, foi com sorrisos e roupas amassadas. Foi tão significativo que a noite acordou o sonhador e proferiu suas palavras, melancólicas e sentimentais, de alívio com um toque de depressão... Coube ao poeta encontrar as rimas e os lugares simples de uma transcrição, coube ele viver um momento em que ele somente sonha e escreve suas vontades. Coube ao poeta a ingrata tarefa de dar vida as experiências de alguém. Tentar, em meio a palavras desconexas, fazer o mesmo sabor que jamais imaginou provar. E ele assim o fez, tentando tornar o acaso em perfeição, o simples em algo completamente especial, as desculpas em conforto... Ele mentia, para ele e para o mundo. Em certo momento, se perdeu da inicial e assim finalizou sua poesia, como tantas outras, sem uma rima final.

fevereiro 19, 2009

A oferta irredutível da vida...

Como um balanço de estoque oferecemos e vendemos nossas energias e acumulos gerais, para nos completarmos, desejamos o melhor da vitrine ou, dependendo do desespero, nos contentamos com uma leve migalha insignificante. Corremos para o por-do-sol mas nossos pensamentos estão em como conseguir um bom café-da-manhã, em como conseguir a fartura que nos faça ser notados. Nos abstemos simplesmente tentando ser aquela pessoa que os estranhos olham na rua e desejam... Mesmo sendo carnal e falso, mesmo sendo o que fazemos diariamente, mesmo sendo só por um minuto, mesmo sendo eternamente...