novembro 22, 2007

As encurtadas de uma vida paralela...

Poderia ser aquela simples indagação de 'se todos gostassem do verde, o que seria do azul?' Mas eu penso em você. Poderia ser culpa daquelas toneladas de músicas que eu associei a você, poderia ser os planos que nunca conseguimos realizar... Poderia ser os astros, o telefone, as horas ou até mesmo a distância... Mas não, nunca seria nada disso a não ser eu e você. Tudo que planejamos, tudo o que sonhavámos absurdamente... E eu guardo, guardo como quem pensa que vai voltar, que vai ser diferente, que vai ser intenso... Eu guardo as bibliotecas da vida... Guardo cada coisa escrita, cada carta enviada... Eu guardo. Com o mesmo carinho, mesma noção de uma realidade que me trouxe até aqui... Me acordou tarde demais... Eu gosto de você, eu penso em você... Você. Simplesmente eu te infernizei e te coloquei como pessoa mais importante da minha vida... Você. E como você mesma disse há uns tempos atrás... 'De você eu não tenho nada, um abraço, um sorriso, um beijo ou um cheiro... NADA'... Do nada criamos um tudo impossível... Do nada sonhamos acordados coisas absurdas... E hoje, insustentável por culpa, desaba e vai sendo mostrado tudo que ignoramos antes... E disso tudo, a única coisa que não desabou foi o que eu sinto absurdamente por você, o tamanho do seu nome na minha vida... Eu nunca menti... Eu te amo... Gostaria que não fosse... Mas é verdade...

------------------------------------
Para a mulher da minha vida...

outubro 23, 2007

Eu sentirei todas as saudades...

Do mêtro de manhã lotado, dos aflitos por espaços e da gritaria debochada. Dos papéizinhos batidos, da venda de CD, do pães caseiros vendidos de manhã, das promoções de chocolate, chicletes... Do movimento de pessoas, das figuras centrais que tem em toda cidade... Dos lugares, do chopp, das razões do chopp, dos amigos, das conversas, das zueras, das azarações insanas... De tudo! E vou sentir muita falta mesmo... Mas eu prometo que volto...

setembro 09, 2007

O sol doura as peles infláveis...

Com os barulhos e a sensação de infinito eu pensei em você. Eu me revi ao seu lado, mesmo tudo sendo um sonho. Eu imaginei os números e a sintonia do rádio. Vi o filme novamente contigo, massageando pés e seu ombro tenso. Era envolvente e sempre de muito carinho. Os sons que me levaram, me trouxeram e um mergulho foi merecido. A diversão infantil guiada pelos mais velhos, o perigo constante... A virada da onda e o refúgio das marolas. Foi a promoção do alimento que me fez lembrar de você e o céu foi o cenário para os meus olhos viajarem... A música tocou na minha mente e meus lábios cantarolaram as doces frases... Eu ainda penso em você... E como a música da noite dizia que eu me lembro de tudo que eu quero esquecer...

setembro 03, 2007

Eu sonho que estou acordado...

Não é poesia, tão pouco algo romântico... Simplesmente beira o trágico, a angústia e até o desespero... Algumas noites, sem saber o real motivo, eu sonho que estou acordado. Longe de ser normal e, muito menos, engraçado. É horrível você querer dormir e seu sonho te provar que as horas passam e você não consegue sonhar. É angustiante quando você realmente acha que aquele sonho é real e não tem motivos para abrir os olhos, pois você já está com eles abertos... Ontem foi assim... Deitei e comecei a virar de um lado para o outro... Olhei para o relógio, 1:04... Não sei se era o horário real ou se já fazia parte do sonho... Mas sei que foi assim... Olhei até chegar as 4:30... Ouvia buzinas, ouvia os carros passando na avenida, até bebados conversando... Ouvi fogos, ouvi sirenes... E sempre ao tentar uma nova investida, eu olhava o relógio... Por um estalo qualquer acordei, de verdade e pensei que já eram 5:00 da manhã... Mas, para total surpresa... Eram 4:15... Aí sim... Consegui dormi de verdade... Sonhei com campos verdes, com sombra fresca e um descanso dominical... Infelizmente hoje é segunda, dia de trabalho e da correria básica dos nossos dias... Pelo menos, de descanso, eu tive 2h30 pois hoje o dia promete...

agosto 24, 2007

Retratos e esbarrões do dia-a-dia...

Poderia ser o bom dia de elevador, o barulho da porta, o cheiro do café ou a risada alta. Poderia ser o guarda-chuva derrubado, a esmola pedida, a leitura da manchete ou a moeda acolhida. Talvez fosse o bilhete vendido, o grito oferecido, os olhares indecifráveis ou o lugar cedido. A bala melada, o som alto do player, o xaveco furado ou a camisa desbotada. Tudo pode ser o ator principal do meu viver, mas continuo tentando lutar para descobrir de que eu vivo. Eu vivo da ilusão, vivo das emoções partidas. Da doce mentira que guia as noites, do sacolejo corporal diário. Vivo inspirando novidades, vivo remexendo diários. Escrevendo livros imaginários, traçando amores platônicos, vivo saindo sozinho e imaginando alguém. Vivo dando goles da alegria, mesmo amarga, mas desenhos um final doce e tenro. E se os retratos do dia não são suficientes, me vou... Esgueirando em não-lugares adaptados, em mundos criados. Sentindo a pressão da saudade, a angústia da distância... Vivo alcoolizando o meu sentimento interno e até onde a sanidade querer... Eu vou viver.

agosto 21, 2007

Os semáforos...

Ou sinais, sinaleiros, faróis... Marcam a atenção, o seguir ou o pare brusco. O pare desajeitado e nervoso também... Mostram a singularidade de sinais, codificados em cores, transcritos em ações. As vezes piscam por descansarem, ou apagam com o cansaço merecido. Muitos esperam, outros ignoram... Mas os sinais existem e movem mundos diferentes de diferentes planos... Sem sinais não sabemos como devemos beijar e nem se devemos amar. Sem sinais não conhecemos o caminho a seguir e nem se devemos olhar... Quanto mais tarde fica, mais sinais são ignorados e desta ignoração em massa, surgem acidentes, brigas e até mortes... Semáforos para beber, para parar de fumar, para ter atenção com as bicicletas... Semáforos... Eu olho para os seus sinais e não sei se devo te amar ou se apenas te beijo para sentir o perigo em minhas veias... Onde ficariam os sinais do amor?

abril 19, 2007

Pela imagem todos sofremos os abusos mundanos...

Sorrateiramente bicou a porta dos fundos para adentrar a festa que nunca fora convidado. Serviu-se na sala das melhores entradas e petiscos... Bebida, como havia de sobra, pode experimentar, em doses altas e completas, para nunca mais esquecer dos sabores. As risadas dos outros em nada interferia no seu próprio gozo. Sentia-se, mesmo ali sendo alvo das maiores balbúrdias, um ser-humano realizado. Após o jantar e das diversas bebidas experimentadas, foi o álcool que ditou a sua conduta festiva. Cantou músicas de sua infância e dancinhas típicas dos quatro cantos do mundo... Nesta hora as risadas se transformaram em tensas gargalhadas, com toses e pegadas de ar... Alguém até se aproximou e filmou a cena... Com mais algumas doses, se virou ao seus pensamentos... Lágrimas surgiram na sua face, brotou uma estranha e perversa tristeza... Sem falar nada foi meditar na cozinha... Roubou um livretinho e escreveu... Suas angústias, dúvidas, amores e pensamentos... Lotou o livreto... Deixando-o para trás foi para casa aos prantos... Uma daquelas pessoas que riram, pegou o livreto e leu para os convidados reais... As gargalhadas foram transformadas em espanto, em brilhos e, para os mais sensíveis, pequenas lágrimas... A grafia era vivida e perfeita, sem rimas mas ritmada pelo mais belo sentimento... Tentaram, em vão, achar o sujeito... Sem nome e só com as palhaçadas feitas... Era essa a imagem que todos tinham... E nunca imaginariam que era um poeta...

abril 14, 2007

Sobre a incapacidade de amar para sempre...

Tratou os trapos com carinho e destreza, esquecendo dos defeitos e sujeiras que possuíam e concentrando-se na forma. Imaginava os caminhos por onde tinham passado, as frestas que percorreram e quantos não agregaram. Alguns novos e tristes, outros velhos e felizes, outros simpáticos, outros emburrados... Porém, ainda, trapos. De tanto estudar e admirar fez-se a filosofia do trapo. Sem uso ou denotações... Simplesmente o nome para o trabalho de meses de estudo. Como era muito homogênea e carente de novidades, perdeu o interesse... Não tinha mais o brilho do fascínio nos olhos e muito menos a vontade de desenhar formas na sua mente... Como tudo na vida, morreu o desejo abstrato por trapos. Continuou usando-os diariamente, para as mais simples tarefas... E com um pouco mais de tempo, esqueceu completamente que criara a Filosofia... E em um belo dia de almoço familiar, pegou-se fascinado pelos guardanapos... Bradava pela singularidade, forma e maciez... Fez-se então um novo amor, a partir daí... Pisou nos trapos, acabando com a vida que ele mesmo criara.