dezembro 13, 2006

Sem obus ou refugos de orvalho sereno...

Ae peles deixaram marcas no corpo virgem de aprendizado, sereno pela brandura porém perverso pelo olhar. Os sonhos desenhavam planos perfeitos na mente jovial, porém a realidade era implacável na realização e nunca deixou-me sentir o gosto de um gozo pleno. Sinceridades a parte, encontrei-me sempre no lado escuro da vida... Remoendo sentimentos, buscando respostas, caminhos ou cantigas para exemplificar o sofrimento carregado. Nunca achei e nunca aprendi como deveria ser certo nesta descrição. Por conta disso passiei pelos moldes, escolas, mestres e manuais... Criei algo da mente, algo novo porém conhecido... Criei uma vida em palavras, amada e odiada, ovacionada e vibrante... Nunca cheguei perto da cruel realidade... Porque me disseram que a vida era poesia barata, esdrúxula, fria e incalculável... Sempre pensei diferente e por isso, para minha morte, eu ditei palavras que ficaram boas em um soneto livre. Nunca me ensinaram como eu deveria ser para isso...

E terminei minha vida escrevendo sonetos
Rimas soltas apaixonadas ao vento
Poesias completas endereçadas para a alma
Que de tão branda, reluzia perfeita.

Foi de início triste, passando a escuridão
Do gozo sincero a tenra depressão
Encontrava nas linhas sinuosas e rochosas
Esta completa e apaixonada maldição

Foram dias inteiros imaginando este lindo fim
Tentando encontrar, no nada, alguma beleza final
Algo que chegasse perto de uma morte triunfal

Em ruas do meu coração eu me pus a procurar
Outra palavra que mostrasse o presente que andei
Porém só achei o pretérito imperfeito de vida: AMEI.