março 26, 2013

Meus anos vão se passando...

E muitos nomes já correram essas linhas escuras. Muitos nomes, cada um com sua vida, suas cores e seus mistérios criados pelos meus dedos... Cada nome com uma marca cicatrizando meu coração. Cada nome que me faz relembrar uma estrada vivida... Eu me lembro do primeiro importante, lembro do primeiro forte, lembro do primeiro real, lembro do primeiro viajante demais, lembro do meu primeiro de outono, de verão e do inverno... Lembro tanto, pois foram reais e levaram pedaços de mim que vejo jogado depois de tantos anos. Eles me levaram para lugares novos e que eu nunca pensaria viver. Mas eu vivi, pois eles ficaram aqui para relembrar e contar todas as histórias que eu cicatrizei nas minhas veias...

março 21, 2013

Onde as marcas me levaram...

Em qual lugar cheguei com tantas linhas transcritas? Onde finalizei meu último conto para me colocar como personagem de uma história? Onde me enxergo nessas metáforas criadas sobre meus próprios medos e anseios? Não vejo nada familiar em tantas fotos na minha frente que poderia queimar cada uma para ganhar espaço livre em minhas memórias. Minhas recordações são novas e com diferentes faces, diferentes nomes e sobrenomes. Diferentes beijos e bocas. Diferentes verdades. As mentiras de antes, a palha queimada de outrora, se foi como uma chuva de verão. Eu não sei aonde eu cheguei depois de tanta coisa, mas sei o que não quero novamente e o que nem tenho vontade de lembrar e muito menos reviver, pois hoje conto na mão cansada as marcas que tanto escrevi meu livro...

março 18, 2013

Novo cântico para a mesma morte...

Ninguém sabe como é a morte de uma brilhante e nem quais notas são suas últimas tocadas. A razão deste cantar se perde por outros caminhos e sem saber em qual distância ela se achava destes primeiros versos. Sua chegada não foi marcada e seu espaço, em um firmamento tão imenso, também não, mas o importante é que ela estava ali. No momento que lhe foi destinada. Serviu de inspiração para algum poema partido, serviu de alívio para um aflito. Serviu de guia para uma insônia e até iluminou um olhar de criança que sonhava em ver de perto aquele brilho tão imenso. Ela não queria um nome famoso ou a eternidade para brilhar. Ela vive apenas por um instante, mas neste instante serve de alento para a foz fria de um poeta que perdeu tanto tempo olhando o céu e seus brilhos mortos que se esqueceu do entendimento da sua vida e foi marcado no gesso frio de um fim qualquer...

março 11, 2013

O zíper que tenta fechar um novo destino...

Os cacos e trapos estão espalhados no vestíbulo barato. Os acres sabores pairam no ar, mas sem ser viciante ou com tons ascos. As ideias estão embrulhadas em folhas pardas de um embrulho qualquer esquecido pelo tempo. Parece um jornal barato de populares manchetes, mas nenhuma conhecida. Os fusos se confundem com as latitudes de um escudo paciente. As lentes não focam mais o seu trabalho matinal e a paciência se embriagou em algum canto da noite que foi curtir a ressaca nas outras rimas de ruas. Entre um gole e um olhar pela vida, a certeza do seu limite. Entre um toque mais nobre e um paladar presente, um sorriso forçado de brilho. Entre as teclas de um telefone bandido, a promessa feita anos antes e o medo agora de começar um pedido para ser aceito no antigo reino... Alguns escreveriam sobre um período, mas a certeza que a data de validade já se foi há tempos deste santuário...

março 10, 2013

Conjuntos aleatórios perecíveis...

É engraçado como fotos se empoeiram nos momentos passados. Como os significados se perdem, as promessas se esvaziam e o tempo corre da sua maneira. Não são poucos os rostos conhecidos de um mural que já nem sei por onde existem. Já não são poucos os resquícios de momentos que parecem ter sido ontem, mas já se vão a um conjunto de anos. Dá vontade de queimar essas lembranças, fazer de conta que nunca existiram e que o tempo já nem existiu... Mas deixo para lembrar por onde passei. Deixo para tentar entender o que aconteceu. Deixo para lembrar o que aconteceu por lá. E agradeço por não voltar e não ser mais parte de muita coisa... Até porque de perecível, já basta a vida...

março 03, 2013

Deixo o pouco me explicar…

Sou um trapo em um chão pedregoso e sem vida. Sou um laço mal feito de um enfeite que apenas povoa o pó do armário. Sou sem brilho de vida, de inércia mórbida por novidades em um jornal esquecido. Sou o caminhante solitário, sou o passo a frente que deixa os ventos que me guiam apagar minhas origens. Sou o que prefere o silêncio a promessas de veraneio. Sou o ilustrador da abstração máxima de um catálogo pobre. Sou o que devo ser, mas tenho o rumo de onde devo ir. Do que devo falar e escrever. Do que contar aos ouvidos inóspitos da atenção, a história certa com o enredo que parece inédito. Sei o que devo amar, falsificar e intensificar para tirar seu proveito. Sou ladrão de sonhos impossíveis, pois sou criador de fantasias, sou o que baila no salão até o fechar das cortinas e que faz valer todos os suspiros que seu corpo já deu. Sou o ser que você pouco nota, mas jamais esquece. De nome e sobrenome, para sempre eu serei seu...