novembro 28, 2011

O novo e velho livro de lembranças...

Pensou-se no seguinte: “Se foi para voltar, foi para ter novas experiências”. Novos gostos com velhos toques, novo tato com o mesmo rosto. Novo beijo com os antigos lábios. Os anos passaram, mas algo ficou intacto que me fez celebrar cada momento novo. De uma risada até uma novidade antiga esquecida. De números decorados até velhas rotinas que foram relembradas. Ouvir um grito do lado e achar graça pelo simples motivo de existir. Foi algo sem razão aparente, algo sem explicação legal, mas aquilo necessário em uma jornada de tantos anos e de tanta história. As desculpas não caberiam pela ausência de um e outro, os tantos "sinto muito" seriam maçante demais para as pequenas horas. De um coração congelado por todo o vazio que um e outro sentiu na sua jornada, uma pequena luz, com suspiros e sorrisos foi colocada. Talvez um novo capítulo para contar, mas sem enredo pronto não existe razão para concretizar tamanha tarefa. Foi um início com abraço curto e longa presença. Um início sem muito planejamento, mas que guardou o suficiente para o próximo. Sem data, sem esperança, sem motivo ou razão. Só quem passou pela cena pode perceber a vibração das cores desta cena comum. Ela estava de branco da paz e ele tinha a cor desbotada da estrada perdida que levava em seu coração...

novembro 24, 2011

A rainha reapareceu em seu mundo...

Existia antes uma bela inspiração. De olhares, risos, toques perdidos e reais. Nada transcrito, imaginado ou criado por sonhos. A inspiração que brindava o poeta existia e era possível ouvir seus passos e sua voz em corredores próximos. De vida atrás para vida esquecida, ela foi responsável por infinitas redondilhas. Infinitas rimas que, como na vida mundana, nunca se achavam e fechavam os seus poemas. Esta inspiração seguiu o poeta em diversos momentos. Dos mais românticos e apelativos ao abstrato desconhecido, passando por todos os simbolismos e maneirismo existente. Esta inspiração tinha nome e registro, tinha razão e pensamentos, tinha vontades e sentimentos. Mas a vida quis que nenhum desses fosse descoberto, que a chave nunca fosse encontrada e esta busca impossível e derrotada, foi o combustível de cada linha escrita, hora com lágrima, hora com o suor da tentativa, tentando desvendar os enigmas deste tesouro. A inspiração se calou em um momento decidido e pela eternidade fez-se apenas notar através de uma única canção. Uma canção que dizia tão pouco, mas ao mesmo tempo inundava de significados. Cada acorde e cada verso ritmado era suficiente para o poeta refazer todo o mesmo caminho de antes, reviver as mesmas pegadas apagadas, reencontrar a mesma angústia envolvente. Até que um belo dia perdido de um mês qualquer, nem o sol havia aparecido, a campainha tocou e a inspiração veio lhe trazer um novo capítulo, um novo livro e uma nova chance. De olhos ainda apagados de sonhos complicados, o poeta abriu um sorriso e o mesmo coração de antes, cheio de versos, cheio dele mesmo...

novembro 20, 2011

Falsos profetas, falsas promessas…

Eu queimei velhas memórias, velhas palavras e antigas retrospectivas. Queimei fotografias e queimei seu nome cravado em minhas veias. Queimei falsas esperanças, perdidos sorrisos e dizeres medíocres. Queimei seus passos, sua trilha e seu pseudo mundo colado ao meu. Fiz a distribuição certa de sentimentos, colocando prioridades e justiças em tudo. Comecei um novo parágrafo, em uma página limpa e virgem. Tirei os últimos vestígios da sua poeira em minha vida. Aspirei ao fundo do poço e sua umidade banhou esta nova face. Agora vou seguir esta nova jornada e, só para não ser como tantos falsos profetas, te digo obrigado e adeus. Passar bem, pois do doce azul que você viveu, o verde banhou todas as partes...

novembro 17, 2011

Por uma cena, um crime distante...

Por uma tela árida se passam os sonhos de uma época. Tecem sonhos e corridas infantis descompromissadas. Mentiras são encobertas e depois enviadas para o futuro. Fidelidade e gritos de pavor brando são soltos vez aqui ou ali. A paisagem nunca muda, pelo menos aos olhos de um apaixonado. Cada lembrança é uma epopeia, uma cantiga de ninar os dias difíceis e vira tudo um grande conto de um caderno empoeirado. A vida não mostra um enredo, ela monta os capítulos de forma aleatória. Cabe ao olhar sereno, força e coragem para guiar a história. Toda volta trágica tem um sinal de redenção. Toda veia deportada um encanamento viral. Tudo tem o nada que se completa para o diário. O sol, a chuva e as mudanças de temperatura seguem o ritmo misterioso. Um pedido de desculpas é esquecido, um aperto de mão ignorado. Um beijo é silenciado e o pedido de amor zombado. Sim, a vida brinca de entender e os espectadores sonham em descobrir como será a frase final.

novembro 11, 2011

De profecias mundanas perdidas...

Perdem-se momentos profissionais que foram o início de tudo. Perdem-se as brincadeiras de corredor e lembranças esquecidas de uma noite qualquer de estudo. Perdem-se, nas entrelinhas, diversos sonhos e diversas divagações de um futuro tão diferente, quanto estranho. Perdem-se laços antes infinitos, mas que na parte real, foram mais finitos que muitos outros laços finitos. Perdem-se aqueles momentos alegres, de soltura e de graça inteligente. O que resta nesses dias de datas iguais? Poucas coisas, poucos agradecimentos e poucas sinceridades verdadeiras. Apenas se salvam os poucos pontos de clareza da vida, os poucos que ficaram depois da tempestade de inverno. O resto, se é que por um segundo se lembrou, nem tiveram a memória suficiente para lembrar. Todas as outras datas parecem não ter força para serem lembradas. Toda aquela tradição se resumiu a dois pontos que ainda sorriem, nas conversas, nas andanças e nos poderes de tudo. Só restaram dois pontos de toda uma pequena e, talvez, poderosa aquarela. Só restaram dois pontos de uma tradição que começou há oito datas atrás e, se tudo correr bem, termina no próximo ano. Depois, é necessária uma nova tradição, com novos pontos e nenhuma ideia de ser infinita ou ter alguma consciência.

novembro 09, 2011

Inventaram para você, só para você...

São passos que precisam de cálculo, precisam de luz e pedras. São frios, indecisos, cambaleantes, incertos. Quem sabe a direção não ostenta tamanho resfriado. Quem imaginaria a dimensão esqueceu-se de desenhar a porta. Era preciso insistir e construir. Sorrir para esquecer. Beijar e compadecer. Tudo seria explicado em um fim, mas este não foi malhado. Não houve ritmo suficiente, letras se perderam na bacia inicial. Houve uma correria por uma vida desgarrada, sem graça e solta. Houve promoção de abertura de algo falido, sem moeda ou distinção. De longe, se fosse percebido, teria aquela multidão de aplausos, mas no atalho do túnel o som foi abafado. Inventaram a luz para tentar trazer um brilho de olhar esquecido. Inventaram a luz para aquecer os braços já cansados de tamanha obrigação. Inventaram a luz para te trazer de volta, mas o convite ficou preso em uma greve qualquer. Sem a presença principal, o baile foi fechado, a invenção apagada e voltaram as atenções para as novas melodias...

novembro 07, 2011

Lembranças que corrompem o tempo e espaço...

Pegue mais uma e embale seus goles. Caminhe pela noite quente de verão, sempre avistando novas pessoas e possíveis aventuras. Sente em um banco qualquer, fite os sons que embalam as horas, arrisque um gole diferente e solte uma gargalhada. O tempo não importa mais, são os passos que fazem a sua importância. Do que adianta saber as horas, se está parado em um lugar sem significado? Do que importa cronometrar a vida, se não vive e faz sua experimentação? De novas canções até os grandes clássicos, da mistura de vinho e cevada, com uma destilada qualquer. Do caminhar sempre decidido, com possíveis mini torturas. Do verão, sempre em verão. Da alegria, do suor característico, das poucas roupas, da praia, do sol e da lua em um céu nítido. Sim, eles estavam ali e sempre estarão. Sempre irão esperar você reviver seus passos, refazer sua constelação. Eles estarão ali esperando que você entenda e tenha novamente a sua vida de volta.

novembro 04, 2011

Ninguém vai lembrar essa descrição…

É escuro, frio, implacável e solitário. É pequeno, úmido, triste e distinto. É morte, o fim, a prova final e o longo adeus. Um suspiro eterno, lágrimas que duram meses, secam por insistência terrena, não pela vontade de coração. É voltar para terra, ser novamente um pó, em muito tempo, ser um nada. É a certeza no abrir os olhos, é o caminhar sem reconhecer uma luz. É não estender os braços, contemplar aquilo que é novo, mas impossível de descrever. É não conhecer uma alma, um vulto, uma gota. É o nada inicial. É o nada de si. É o novo que já conhecia, é o que todos falavam, mas sem muita certeza. São os primeiros passos de uma escuridão clara. São os primeiros passos para se conhecer um eterno convidativo. São os primeiros passos que melhoram com o tempo, mas ainda assim, são os primeiros passos. São os primeiros passos sem doçura ou convite, sem apego ou liberdade. Com o tempo isso tudo virá. Paz, alegria, sorrisos e luz. Muita luz. Mas os primeiros passos são nublados e tensos. São estranhos e complicados. É o fechar de olhos e abrir para o novo. É o dormir de um lado e acordar em um sem tempo. É o fim para uma pequena parte, mas o início para todas as outras.