junho 24, 2010

E o sentimento bate forte carente de aflito...

A insônia e a angústia por respostas sempre me fizeram refém do álcool. Único companheiro ouvinte de lamentações e consciente das dores dos que apelam para seu poder. Todos aqueles pobres e loucos que não conseguem te compreender, todos aqueles que não sabem nem falar e muito menos te ouvir. Sua voz que saboreia nossos ouvidos com consciência e sabedoria. Seu doce sabor que fazem os olhos brilhar... Seu poder! Quantas vezes me ditou linhas e linhas de uma lira interna que só você consegue ouvir? Essa maldita lira que só você consegue despertar! Você compreende o amor, os sonhos e as desilusões dos teus seguidores... Como escreveria, nas linhas do eterno, nosso mestre "Conhaque! Não te ama quem não te entende!" e eu cansei do tolo sabor enojado de mel da vida que tinha acostumado...

junho 20, 2010

Entre trovadores e contemporâneos…

De uma noite regada ao álcool surgiu a idéia perfeita de poesia. Recitar antigas líricas, corrigir sonetos inacabados, fazer girar as redondilhas menores e rimas desfeitas pelo vento... Foi essa a idéia, contar o amor pela visão noturna perdida, pela visão do caótico e do inesperado. Uma poesia que flui ao fazer as práticas diárias, uma lira que canta inteira nos raios do mesmo... Esta é a poesia! Uma poesia que não é capaz de ser escrita, de ser descrita ou de ser manuseada... Nunca foi! Trovadores tentaram, ao sabor do desconhecido, recitar versos escolhidos para uma amada que nunca existiu, se quer resistiu ao olhar... Românticos desvairados eternizaram figuras que só apareceram em seus sonhos... Os modernos jogaram em algum lugar-comum para dar vida aos personagens que não damos atenção... Os contemporâneos estão perdidos entre o folclórico e o imaginário da magia... Todos tentaram descrever o sentimento mais puro e simples. O sentimento que pode ser capaz de mover obstáculos só pela sua existência. O sentimento simples que me faz guiar em perigo pelas estradas sem-fim... A resposta é a lírica do vento, a perfeição do silencio obscuro, a falta de imagem em uma cena vazia, a presença secreta que jamais é anunciada... Eles tentaram descrever o impossível, porque, em suas vidas, era impossível amar.

junho 19, 2010

Da poesia escachada na porta...

O horizonte pinta de aquarela um novo dia, os pássaros anunciam este nascimento com seu canto encorajador. No cômodo perdido o dia anterior ainda não terminou e não é possível contar quantos dias estão perdidos. As melodias, que já foram doces um dia, ecoam pelo lugar, mas sua melancolia difere bem de quando foi composta, pelos primeiros raios de sol de um dia qualquer. É impossível entender a razão desta inércia e é mais complicado definir todo este cenário. O chão espalha restos de uma vida, de sonhos quebrados, de testemunhas felizes e de promessas registradas... As paredes carregam apenas marcas do que antes era um mural da perfeição. As chaves estão jogadas em um canto indefinido e perdidas. Existem rabiscos complicados em cada passo dado em direção a porta. Esta, aberta e batida, indo e vindo pelo sabor e rumo do vento. A complexidade desta esfera é entendida pela poesia cravada na porta, com a melhor letra arranjada, que diz em poucos versos:
"Cansei de esperar neste túmulo,
Nesta esfera parada e nula
E mirei o fim deste túnel.
Deixo as chaves do meu coração,
Para que não consiga mais ser enganado,
Para que jamais possa sentir o sofrimento
Esta eterna guerra entra razão e paixão.
E eu que relutava ao ver tudo acabado
Restou-me só poetizar o fim deste sentimento."