dezembro 23, 2011

O meu presente de nascimento...

Foi bom te ver nem que tenha sido por uma foto. Estática, cortada e sem destaque. Foi bom te ver, simplesmente por ter este sabor de nostalgia em um fim de tarde. Foi bom te ver, apenas para te desejar, no meu surdo gritar, tudo de bom. Foi bom te ver, pois se hoje escrevo essas linhas, os meus pequenos e primeiros versos foram apenas para você. De fato, de amor, de cor e salteado, da pureza mais concreta existente, da mais bela e infantil forma de gostar. Foi para você que comecei estas minhas tortas linhas, essa minha busca por algo sem definição, essa minha luta para achar o poema perfeito. Foi bom te ver, para eu relembrar todos os gostos, o suor nas mãos, o portão fechando, o tato adolescente, o coração na boca, o nervosismo e depois a gritaria da alegria. O dia de sol o inverno da espera. Foi bom te ver, mesmo você nunca entendendo, mesmo você nem sabendo... Foi bom te ver, porque no meu silêncio eu te disse: Obrigado!

dezembro 21, 2011

Vão-se as imagens, fica a mensagem...

Carreguei minhas poesias por estradas desertas. O sol escaldava suas explosões em meus olhos, o sol explodia em partículas uma acidez enorme em minha vida. Poetizei como ninguém um enxame qualquer de ruptura carregada. Destilei meus passos, filtre meus átomos. Não me lembro se foi de alucinógenos ou culpa da sede, mas as imagens começaram a dançar em minha frente. Um corpo morto caiu, uma panda dançou em ritmos aleatórios, um pedido de socorro foi ouvido por entre as árvores e delas saíram voadoras criaturas do amor. O ambiente era fantasmagórico, era daqueles indescritíveis e meus lábios escreveram cada detalhe com a rica cor de uma primavera. Algum ponto de clareza deveria existir, mas não foi captado. Eu carreguei as minhas poesias pelas poeiras mais baixas, pelas escapadas mais milenares. A redundância beijou minha nuca e correu em direção ao "Adeus pronto". Ela gritou por entre as pernas, ela girou por entre os corpos e salpicou com seu melhor tempero o meu final. Eu carreguei minhas poesias por este mundo inexistente, carreguei-as para ninguém ouvir e para não clamar que de louco viveu e de estranho morreu...

dezembro 19, 2011

Um fim qualquer de um passo esquecido...


E deixei seus braços de veneno para que meus inimigos enxergassem toda a beleza emanada. Contemplei por anos meus passos frouxos e cansados que seu nome fez. Sem lembranças e sem destino, vivi como se fosse um vento noroeste perdido em um suspiro qualquer. Eu consigo fechar os olhos e viver um sonho. Consigo abri-los no meio da vida e enxergar o seu brilho. Eu consigo enxergar o caminho, mas é tão difícil seguir os passos pelas pedras. Elas passam voando pelos meus dedos e fazem as mudanças que querem nestes passos soltos. Talvez eu precise de uma droga nas veias, uma dose certeira de promessas e falsos moralismos. Beberia de uma fonte infinita um veneno qualquer que me levasse para bem longe. Viveria de extremos apenas para saber como é o tenro sabor de me sentir perdido. De me sentir preso a algo tão impossível e inexistente que me causasse medo. Talvez eu olhe muito profundamente para tentar saber a cor dos meus sentimentos. Destes mesmos sentimentos que ditam uma rotina ordinária. Eles seguem como os voos dourados de uma alcateia que se perde no coletivo. Eles seguem em busca daquele tesouro enterrado, guiando apenas pelo destino de um mapa com um "X" rasurado. Com ou sem melodias, eu me perco nas estrofes apenas para me desesperar por saber que sou completamente apaixonado por tudo o que você criou e me deixou morrer.

dezembro 16, 2011

De um livro e canção saiu meu coração...

Mando essa carta como alento para uma mente viajante. Escrevo para tentar liberar todas as energias de meu corpo, de meu coração que cansa de pulsar para um organismo sem muita emoção. Tento rimas tontas, neologismo básicos, rabiscos modernos e perfeitos significados. Tiro da matéria e tento voar por um espaço curto, pulando de planeta em planeta para ver o que de melhor cada um oferece. Estava esta imagem naquele livro que era para ser infantil, mas se perdeu em referências anuais e foi parar em uma música esquecida, da banda da rua extrovertida. Existem obrigações, existem caminhos e até mesmo as cores de nossas canetas. Tudo isso perde um pouco o rubro quando me lembro de você, de seu toque e do seu jeito tão irônico de me fazer sorrir. Perco o tato, o chão e até mesmo a direção no instante momento que tudo começa a surgir. Juro que as rimas não deveriam existir, pois escrevo em prosa o que o poeta não entendeu. Escrevo em frases curtas e até perdidas, o que o poeta esqueceu. Ele deveria ter te dito tudo isso, em forma de soneto, com grandes intervalos e redondilhas rarefeitas. Ele deveria te fazer perder o ar de tão alto que te levasse e transformar este amor em formas perfeitas. Rimo sem mentir, rimo para te fazer mais próxima de mim. Rimo para tentar resgatar tudo o que se perdeu, quando eu era um poeta para você. Rimo, pois se o poeta não existe mais, eu estou ainda aqui. Tento sem jeito, com pingos de medo, rimar até o que partiu. Mas o mais prazeroso, é que rimo meu nome ao teu, para fazer desta nova página um eterno começo sem fim.

dezembro 12, 2011

Escrito com algo que poderia ser seu…

É a última pétala de um imenso buquê. É a última noção de um complexo caminho. Eu arrumava o jardim sujo de tentativa vã e ela me olhou como se recorresse aos antigos tempos para tentar brotar algo inexplicável. Ela deu a mão por algo que talvez nem soubesse a razão, nem soubesse a procedência e se existiria alguma redenção. Houve um beijo interrompido por outrem. Houve toda aquela descoberta do atrito de corpos e fluídos encharcados de uma saudade e de uma importância divina. Vi deitar contemplando o infinito de amor, mas sabíamos que as pétalas voam e este era o último suspiro que poderia existir. Os momentos devem ser vividos como últimos, os beijos dados devem ser saboreados como únicos e todos os sorrisos soltos, guardado com a urgência necessária. Meu jardim repleto de daninhas arranhadas pede ajuda, pede minha urgência e minha soltura. Ela sabe de tudo, sabe até como me amar, mas todas essas gotas de chuva não me fazem percorrer o estreito necessário para viver completamente essa tentativa. Só me resta sorrir e guardar tudo dela apenas para mim, guardar para quando este silêncio voltar, eu lembre como é doce e perfeito as notas musicais de sua voz na minha vida.

dezembro 02, 2011

Os sons ecoaram difusos no horizonte...

Foram verbos intransitivos, daqueles que planejam a fuga e não se dão por vencido. Foram luzes que escaparam pelo caminho, trilhando novos amores e tenros sonhos recheados. Foram palavras estraçalhadas, sem ação e adjetivadas com o máximo dos pronomes. Foram perfumes soltos de um buquê morto, com um cartão borrado e sem muito amor. As frases foram destruídas pelas orações compostas de angústia e muita vibração. Uma criança com um lápis de cera branco pintou de anis o corrimão do acesso. Pintou a vergonha de gaivota e se esqueceu de voar na imaginação. Foram duras palavras práticas, de início e ditas com razão. Uma previsão de futuro, uma anedota perdida, uma escuridão do amor, um refrão. A criança fechou o livro, fez o vento ventar e a cantiga ninar. Ela escolheu os sujeitos existentes, fez as rimas fantasmagóricas e dedilhou seu banjo cruel... Ela é uma criança apenas, diriam as más línguas, mas uma criança que entendia de redondilhas...

novembro 28, 2011

O novo e velho livro de lembranças...

Pensou-se no seguinte: “Se foi para voltar, foi para ter novas experiências”. Novos gostos com velhos toques, novo tato com o mesmo rosto. Novo beijo com os antigos lábios. Os anos passaram, mas algo ficou intacto que me fez celebrar cada momento novo. De uma risada até uma novidade antiga esquecida. De números decorados até velhas rotinas que foram relembradas. Ouvir um grito do lado e achar graça pelo simples motivo de existir. Foi algo sem razão aparente, algo sem explicação legal, mas aquilo necessário em uma jornada de tantos anos e de tanta história. As desculpas não caberiam pela ausência de um e outro, os tantos "sinto muito" seriam maçante demais para as pequenas horas. De um coração congelado por todo o vazio que um e outro sentiu na sua jornada, uma pequena luz, com suspiros e sorrisos foi colocada. Talvez um novo capítulo para contar, mas sem enredo pronto não existe razão para concretizar tamanha tarefa. Foi um início com abraço curto e longa presença. Um início sem muito planejamento, mas que guardou o suficiente para o próximo. Sem data, sem esperança, sem motivo ou razão. Só quem passou pela cena pode perceber a vibração das cores desta cena comum. Ela estava de branco da paz e ele tinha a cor desbotada da estrada perdida que levava em seu coração...

novembro 24, 2011

A rainha reapareceu em seu mundo...

Existia antes uma bela inspiração. De olhares, risos, toques perdidos e reais. Nada transcrito, imaginado ou criado por sonhos. A inspiração que brindava o poeta existia e era possível ouvir seus passos e sua voz em corredores próximos. De vida atrás para vida esquecida, ela foi responsável por infinitas redondilhas. Infinitas rimas que, como na vida mundana, nunca se achavam e fechavam os seus poemas. Esta inspiração seguiu o poeta em diversos momentos. Dos mais românticos e apelativos ao abstrato desconhecido, passando por todos os simbolismos e maneirismo existente. Esta inspiração tinha nome e registro, tinha razão e pensamentos, tinha vontades e sentimentos. Mas a vida quis que nenhum desses fosse descoberto, que a chave nunca fosse encontrada e esta busca impossível e derrotada, foi o combustível de cada linha escrita, hora com lágrima, hora com o suor da tentativa, tentando desvendar os enigmas deste tesouro. A inspiração se calou em um momento decidido e pela eternidade fez-se apenas notar através de uma única canção. Uma canção que dizia tão pouco, mas ao mesmo tempo inundava de significados. Cada acorde e cada verso ritmado era suficiente para o poeta refazer todo o mesmo caminho de antes, reviver as mesmas pegadas apagadas, reencontrar a mesma angústia envolvente. Até que um belo dia perdido de um mês qualquer, nem o sol havia aparecido, a campainha tocou e a inspiração veio lhe trazer um novo capítulo, um novo livro e uma nova chance. De olhos ainda apagados de sonhos complicados, o poeta abriu um sorriso e o mesmo coração de antes, cheio de versos, cheio dele mesmo...

novembro 20, 2011

Falsos profetas, falsas promessas…

Eu queimei velhas memórias, velhas palavras e antigas retrospectivas. Queimei fotografias e queimei seu nome cravado em minhas veias. Queimei falsas esperanças, perdidos sorrisos e dizeres medíocres. Queimei seus passos, sua trilha e seu pseudo mundo colado ao meu. Fiz a distribuição certa de sentimentos, colocando prioridades e justiças em tudo. Comecei um novo parágrafo, em uma página limpa e virgem. Tirei os últimos vestígios da sua poeira em minha vida. Aspirei ao fundo do poço e sua umidade banhou esta nova face. Agora vou seguir esta nova jornada e, só para não ser como tantos falsos profetas, te digo obrigado e adeus. Passar bem, pois do doce azul que você viveu, o verde banhou todas as partes...

novembro 17, 2011

Por uma cena, um crime distante...

Por uma tela árida se passam os sonhos de uma época. Tecem sonhos e corridas infantis descompromissadas. Mentiras são encobertas e depois enviadas para o futuro. Fidelidade e gritos de pavor brando são soltos vez aqui ou ali. A paisagem nunca muda, pelo menos aos olhos de um apaixonado. Cada lembrança é uma epopeia, uma cantiga de ninar os dias difíceis e vira tudo um grande conto de um caderno empoeirado. A vida não mostra um enredo, ela monta os capítulos de forma aleatória. Cabe ao olhar sereno, força e coragem para guiar a história. Toda volta trágica tem um sinal de redenção. Toda veia deportada um encanamento viral. Tudo tem o nada que se completa para o diário. O sol, a chuva e as mudanças de temperatura seguem o ritmo misterioso. Um pedido de desculpas é esquecido, um aperto de mão ignorado. Um beijo é silenciado e o pedido de amor zombado. Sim, a vida brinca de entender e os espectadores sonham em descobrir como será a frase final.

novembro 11, 2011

De profecias mundanas perdidas...

Perdem-se momentos profissionais que foram o início de tudo. Perdem-se as brincadeiras de corredor e lembranças esquecidas de uma noite qualquer de estudo. Perdem-se, nas entrelinhas, diversos sonhos e diversas divagações de um futuro tão diferente, quanto estranho. Perdem-se laços antes infinitos, mas que na parte real, foram mais finitos que muitos outros laços finitos. Perdem-se aqueles momentos alegres, de soltura e de graça inteligente. O que resta nesses dias de datas iguais? Poucas coisas, poucos agradecimentos e poucas sinceridades verdadeiras. Apenas se salvam os poucos pontos de clareza da vida, os poucos que ficaram depois da tempestade de inverno. O resto, se é que por um segundo se lembrou, nem tiveram a memória suficiente para lembrar. Todas as outras datas parecem não ter força para serem lembradas. Toda aquela tradição se resumiu a dois pontos que ainda sorriem, nas conversas, nas andanças e nos poderes de tudo. Só restaram dois pontos de toda uma pequena e, talvez, poderosa aquarela. Só restaram dois pontos de uma tradição que começou há oito datas atrás e, se tudo correr bem, termina no próximo ano. Depois, é necessária uma nova tradição, com novos pontos e nenhuma ideia de ser infinita ou ter alguma consciência.

novembro 09, 2011

Inventaram para você, só para você...

São passos que precisam de cálculo, precisam de luz e pedras. São frios, indecisos, cambaleantes, incertos. Quem sabe a direção não ostenta tamanho resfriado. Quem imaginaria a dimensão esqueceu-se de desenhar a porta. Era preciso insistir e construir. Sorrir para esquecer. Beijar e compadecer. Tudo seria explicado em um fim, mas este não foi malhado. Não houve ritmo suficiente, letras se perderam na bacia inicial. Houve uma correria por uma vida desgarrada, sem graça e solta. Houve promoção de abertura de algo falido, sem moeda ou distinção. De longe, se fosse percebido, teria aquela multidão de aplausos, mas no atalho do túnel o som foi abafado. Inventaram a luz para tentar trazer um brilho de olhar esquecido. Inventaram a luz para aquecer os braços já cansados de tamanha obrigação. Inventaram a luz para te trazer de volta, mas o convite ficou preso em uma greve qualquer. Sem a presença principal, o baile foi fechado, a invenção apagada e voltaram as atenções para as novas melodias...

novembro 07, 2011

Lembranças que corrompem o tempo e espaço...

Pegue mais uma e embale seus goles. Caminhe pela noite quente de verão, sempre avistando novas pessoas e possíveis aventuras. Sente em um banco qualquer, fite os sons que embalam as horas, arrisque um gole diferente e solte uma gargalhada. O tempo não importa mais, são os passos que fazem a sua importância. Do que adianta saber as horas, se está parado em um lugar sem significado? Do que importa cronometrar a vida, se não vive e faz sua experimentação? De novas canções até os grandes clássicos, da mistura de vinho e cevada, com uma destilada qualquer. Do caminhar sempre decidido, com possíveis mini torturas. Do verão, sempre em verão. Da alegria, do suor característico, das poucas roupas, da praia, do sol e da lua em um céu nítido. Sim, eles estavam ali e sempre estarão. Sempre irão esperar você reviver seus passos, refazer sua constelação. Eles estarão ali esperando que você entenda e tenha novamente a sua vida de volta.

novembro 04, 2011

Ninguém vai lembrar essa descrição…

É escuro, frio, implacável e solitário. É pequeno, úmido, triste e distinto. É morte, o fim, a prova final e o longo adeus. Um suspiro eterno, lágrimas que duram meses, secam por insistência terrena, não pela vontade de coração. É voltar para terra, ser novamente um pó, em muito tempo, ser um nada. É a certeza no abrir os olhos, é o caminhar sem reconhecer uma luz. É não estender os braços, contemplar aquilo que é novo, mas impossível de descrever. É não conhecer uma alma, um vulto, uma gota. É o nada inicial. É o nada de si. É o novo que já conhecia, é o que todos falavam, mas sem muita certeza. São os primeiros passos de uma escuridão clara. São os primeiros passos para se conhecer um eterno convidativo. São os primeiros passos que melhoram com o tempo, mas ainda assim, são os primeiros passos. São os primeiros passos sem doçura ou convite, sem apego ou liberdade. Com o tempo isso tudo virá. Paz, alegria, sorrisos e luz. Muita luz. Mas os primeiros passos são nublados e tensos. São estranhos e complicados. É o fechar de olhos e abrir para o novo. É o dormir de um lado e acordar em um sem tempo. É o fim para uma pequena parte, mas o início para todas as outras.

outubro 31, 2011

Como sinalizadores caindo do céu...

E ela adormeceu. Agora ela sonha com os brilhos de uma constelação. Ela tem seu brilho forte, depois de carregar em sua bolsa as histórias do seu lugar. Distante. Outro inimigo morto, retirado de seu coração com a força de algo maior. Com um sorriso solto, ela luta agora contra sua própria apatia. Ela sabe que dias ruins chegam com a força de um furacão e duram o momento certo. Ela sabe que não adianta ir contra o vento, é melhor deixar levar. Para longe. Construir um novo começo, com a tinta velha daquela aquarela infantil. Fazer uma canção, que a lembre dos momentos esquecidos de verão frio. Brilhante. Ela sabe que dias ruins são como grandes doces, que adoçam a vida e nos deixam mais leves. Ela sonha com problemas que nunca teve, para que os outros saibam da sua existência. Ela sonha com o amanhã, com aquele amanhã que nunca vem. Ela sonha com um amanhã que a leve para um lugar. Um lugar que ela sonha. Ela sonha agora e não acorda mais... Ela não acorda mais.

outubro 23, 2011

Um outono de estação...

Uma cor cinza decreta o início, o meio e o fim do período. Ventos sem mudanças, frio que nada faz mais, dias que apenas passam e não levam nada do tudo. Horas perdidas em um caminho qualquer, rodadas de bebida que cessam sem sabor, sem sentido, sem nada. É uma estação complexa do não acontecer. Seja do seu lado, seja do outro lado da sua vida, seja em outro mar. A estação pode ser aquela pessoa ao seu lado, pode ser uma oportunidade de vida e podem ser os seus passos. A termologia nada muda e as figuras de linguagem também não. Elas esperam o desfecho do capítulo decisivo, longe do final. Elas aguardam o olhar quente, aquele grito de alegria e também o selo repetido. Se a vida precisa de um primeiro passo, este é o outono paciente. Se o amor precisa do primeiro beijo, é o outono trazendo o verão. Se a saudade bate por essência, é o outono seguindo seu ritmo e virando inverno. Porém o outono precisa existir e você precisa desta trilha, seja ela o que for...

outubro 17, 2011

Ele quer a perfeição, mas ninguém sabe...

Poderia conter ditados populares, uma caixa de bombons de surpresa ou uma rosa com pétalas infinitas. Poderia ser uma brincadeira interminável, um vale de imaginação fértil ou um sonho que se acorda com um gosto inicial. Poderia ser o som de uma voz que conforta, as folhas com significados fáceis ou a impressão correta que faria a vida. Porém a realidade pintou de outras cores a situação. Melhor assim. O fim é um começo irredutível. A lágrima caída floresce o coração de esperança. O silêncio grita as mudanças necessárias. A insônia adormece as dores do corpo. A angústia faz enxergar as novas opções do caminho. Apenas o amor, aquele bendito amor, que sempre é amor. Ele não muda, não quer novos ares ou novas ditas esperanças. O amor quer amor. Ele quer o que todo o resto não busca. Ele quer o que todos os outros temem. Ele quer se perder facilmente, sorrir quando só se tem o branco, gritar quando não se tem uma nota. Ele quer o amor quente, aquele de não se conter. O amor quer o amor puro. O amor é a felicidade plena e eterna. Aquela que nunca acabará e sempre renovará. O pior é que ele está correto. O problema é o que você chama de amor, pois o amor é muito mais complexo do que todas as palavras tentam explicar.

outubro 10, 2011

Dê um tempo em tempos…

Marcas, borrões, extrínseco e escuro. Falsos plantões, venenos de ironia, semblantes alheios e ignorantes lampejos. Arrependimentos, mãos juntas, olhares fundos e doce cinismo. Novos padrões, despedidas, tintas secas e sujeira de rodapé. Lendas, mitologias, sobrenomes e irritantes importâncias. Falta a ação, falta a alegria, falta a pureza e também o respeito. Ninguém mais olha para o lado, ninguém se preocupa com o interior, ninguém vence sozinho e ninguém beija a solidão. De agendas remendadas, compromissos infundados, nenhuma decisão e essenciais esquecidos. Enchi a mochila do mais puro nada, daquele que sempre me faltou no cotidiano. Calcei minhas bolhas inflamadas e fiz seus furos libertadores. Sorri da falsidade alheia, não me importei com chulas obrigatoriedades e saí para poetizar. Nunca ganhei nada até aqui, mas estou dando meu passo para o mundo que vislumbro melhor. Se errar, entenda, pode parecer muito estranho, mas meu destino é o pó inicial, exatamente igual.

outubro 06, 2011

Um nome solto para alguém presente...

Em uma rua pálida, uma senhora fez gesto de bengala para os céus e suplicou. Suas palavras caíram na terra marginal, ecoando por entre folhas e limbo uma doce esfera de dúvida e angústia latente. Seus olhos marejavam um tom púrpuro que nunca encontrei na aquarela do artista. Códigos e folhas brecaram suas marchas e seus significados, contemplando o tamanho do desenrolar desenfreado. A senhora olhava fixa para um ponto esquecido, buscava com mãos trêmulas seu eterno sono. A senhora tentava ensaiar passos, mas só conseguia encontrar o gesso da vida. A senhora queria arriar e arrear sua modesta túnica, queria dedilhar pelo infinito as rimas que nunca haviam sido tentadas. Ela berrou pela última vez e sem resposta, voltou-se para seu andar da vida, seu ritmo cadente e certo. Não lamentou, nem demonstrou tristeza. Não suspirou e muito menos emanou um desapontamento. Essa senhora nunca me pareceu ter um nome, mas por nunca ouvi-la e sempre senti-la próxima, decidi chamá-la de coração.

outubro 03, 2011

A tradução instável...

Não seria capaz de admitir se visse em outras páginas. Não conseguiria entender tamanha cor, se fosse de outra aquarela de vidro. Aconteceu em meus olhos, em meus braços e, por conta do meu sorriso, perpetuou-se nos segundos terminados. O cenário tampouco importa. Uma esquina com árvore antiga, um pássaro noturno cantando ofegante, uma ponte ao rio devastado de peixes, um soneto no meio de um canto medieval. Talvez existisse uma ópera regida por ela. Nervosa, aflita e com uns braços enrijecidos pela multidão. Talvez existisse um bloco de anotações raivosas. Talvez existisse, em meu coração e no seu pulso, uma leve saudade de vozes infantis. Em uma dessas curvas de sons, os momentos foram subsidiados de forma cadenciada. Um violão machucado encostado, um desenho não terminado, uma saia esquecida, um bracelete sem cor. De certa maneira eles acordaram juntos e fez daquilo uma introdução. Fizeram a beleza de um acordar solene, com os olhos cerrados mais lindos que meu coração já compôs.

setembro 23, 2011

Eu finalmente encontrei...

Descobri a felicidade que havia lido em contos. Entendi quando falavam do som sempre limpo. Embriaguei-me por um sorriso doce e solto, de uma manhã ensolarada e quente, depois de uma noite completa. Encontrei o par de mãos para guiar o caminho, a voz para acordar do desespero e o olhar para clarear a escura solidão. Transcrevi como se tivesse na adolescência, mas os batimentos em meu pulso eram reais. Cantei um pouco de algo desconhecido, mas que seu ritmo preencheu meu espaço. Encontrei a razão de ter andado todos os anos pelo mesmo vale. Encontrei o par, encontrei a cor, encontrei a temperatura da brisa ideal. Encontrei a razão para sair das linhas, dos versos abstratos e redondilhas redundantes para começar a preencher o vazio das minhas páginas em branco. Para preencher o que todos chamam de vida. Abri os olhos e tive o melhor dos sonhos...

setembro 21, 2011

Já estive além voltando…

Culpo-me por não guardar um perfume. Busco ao redor meteórico uma razão. Solto ironias para aliviar uma possível tormenta sentimental. Se você pudesse ver o grito interno que canta seu nome, talvez entendesse minhas mãos tremulas quando te abracei. Tenho placas e fotos de onde passei. Tenho imagens e cores vistas em lugares únicos. Faço uma alternativa disso e tento achar uma receita para a beleza de seu sorriso, de seu olhar e de sua forma de traduzir inspiração. Tento encontrar a maciez de pele, o leve toque e o caminhar decidido. Com os braços sonhando por você, caminho por vielas e trilhas. Apago caminhos anteriores, cruzo opções internas. Entendo que por amar o impossível, colhi o fruto maduro enquanto todos ainda buscam as sementes. Por idealizar a sombra em um mundo diferente, fui além da filosofia existente e me criei sozinho, buscando sempre algo que já me foi completo e hoje continuam insistindo que nunca existiu.

setembro 11, 2011

Qualquer um pode escrever um conto...

Mas nem todos poderiam transcrever uma história repentina. Nem todo mundo enxergaria a tensão de músculos, em um beijo descompromissado de pescoço. Poucos poetizariam um olhar para as mãos suadas e um sorriso amarelo de desejo. Quase ninguém conseguiria achar poético o cantar de pássaros madruga adentro, nas últimas horas de escuridão e carregadas de fluídos. Eu sou um desses poucos e cada imagem transcrita acima leva um sorriso, parte irônico, parte alegre, parte desacreditado de tamanha beleza. As músicas sofreram traduções cheias de novos vocabulários e eu segui enfileirando possibilidades, dando goles abstratos em cervejas do velho mundo e te levando comigo. Em sonhos, em banquetes, em desejos e em risadas e beijos pelos dias...

setembro 01, 2011

Descobri a razão de sempre repetir…

Como te escrever um texto, sem ser repetitivo? Como escrever sobre você, sem usar as mesmas conotações anteriores? Como simbolizar este nosso laço, sem as mesmas imagens utilizadas? Como transcrever um sentimento, sem usar a eterna redundância de palavras? Eu repito, tentando fazer novidade. Eu mesclo situações, tentando fazer um filme inédito. Eu penso em idiomas distintos, para tentar criar novas imagens... Mas termino sempre no mesmo lugar. Talvez por você não estar aqui, talvez por você aparecer em um sonho distante ou talvez por você nem existir. O amor é a mistura perfeita do que existe e do que parece existir. O amor é querer fazer uma conta dar outro resultado. O amor é algo que não cabe em palavras aglomeradas. O amor é aquele suspiro que treinamos tanto para na hora esquecer e de tanto treinar acabei esquecendo como é te amar...

agosto 28, 2011

O mundo na frente pode não existir...

Iniciou com um brilho de intensidade distinta. Terminou com o silêncio impossível. Tiveram toques e sorrisos leves, tudo isso preso em uma masmorra de necessidade. Terminou com o silêncio ignorado. Houve sinais de adoração, leves suspiros no rosto e tensa agarração. Terminou com o silêncio incompreendido. Poderia enumerar e descrever inúmeras imagens destas paisagens que ocorreram, poderia adjetivar o mesmo final de diferentes maneiras. Poderia honrar com meu compromisso poético e fazer de tudo isso uma reticência e um pedido de amor, mas falho no simples tato de tentar algo diferente. Falho no simples pensar que aconteceu algo, além de um sonho de cama quente. Com tantas falhas, impossibilidades e sorrisos imaginados, que não consigo compor um retrato, fico a desdenhar da sorte, do momento e da vitória vespertina. Um grito qualquer, tem todo um eco por detrás que muitos não conseguem entender. Meu olhar é um pouco perdido, nos passos feitos na avenida de algodão, porém com palavras me faço querer perdido, para tentar encontrar um sentido. Eu não sei o que aconteceu, mas um gosto indescritível me acordou hoje, me lembrando de algo que nunca existiu.

agosto 25, 2011

Por isso que é puro…

Engana-se quem pensa que tudo se resolveu no estandarte. Faltaram alguns detalhes principais, algumas velas acesas e um pouco daquele tempero universal. Mas da falta, fez-se uma gigante arbitrariedade. Dos tropeços seguidos, uma paixão ardente. Do silêncio, do não querer saber, do pouco se importar, surgiu aquela melhor companhia. O mundo não é sempre dos melhores, é preciso olhar a curva mal feita para entender algumas razões fugitivas. Se pintei de céu o seu futuro, também bronzeei de infinito o meu caminho. Com os gritos presos na garganta, batidas no peito de coragem e um leve suspiro de infelicidade, eu fiz minha vida valer a pena. Eu criei o amor impossível, pelo refrão que sempre foi ignorado.

agosto 22, 2011

Eu sempre soube que era você…

É uma paixão, é uma tormenta, é um furacão e é da crueldade. São olhos que brilham. Olhos que sorriem. Olhos que marcam passos e paralisam uma história. É o convite da nobreza, um abraço de malvado, a carta mal encaminhada e o alarme que canta uma canção. Eu sei como fazer as mãos me encontrarem. Sei como fazer o ar faltar na hora certa. Sei até como te dizer as palavras, que rimam e lacrimejam os olhos. Sei de tudo, pois aprendi na surdina do sofrimento. Aprendi ao ler a história naquela ruela. Na que pisei no vinho derramado, que ouvi os lentos lamentos e indecifráveis desenhos na laje batida. Eu sei porque olhei para os meus lados e soube a hora certa de fazer a redondilha. Tudo tem um preço, alguns levaram a mais, outros pagaram de menos. No fundo, todos saíram no prejuízo, pois perambulam perdidos com pessoas ao lado, na falsa e ingrata ilustração de felicidade... Eles não sabem, eu sim.

agosto 18, 2011

Dona da minha alma…

Um risco inocente com os primeiros raios do dia. Uma flor quebrada pela ação da vida. Um moinho parado, um motor de arranque sem força. São mais do que simples imagens que brotam em meu rápido caminhar. São mais do que aquelas próximas laçadas de mão. É muito mais do que eu posso escrever sem lira ou vontade. Confuso nesta névoa me englobo, solitário e doente, em um plástico incolor e sem vida. Exatamente para me sufocar e achar significados em palavras antigas. Em achar beleza nas mãos que nunca vieram a mim. Em achar, nas tenras linhas de saber, o meu caminho perdido. Eu me sufoco para achar você, dona do sempre. Do meu e do seu sempre. Sem nome, sem passagem e sem cicatriz. Sem traços ou relva, sem brilho ou casaco, sem perfume ou penteado. Eu caminho procurando algo que talvez tenha ficado naquela distante esquina... Talvez eu saiba como fazer... Talvez minha poesia saiba...

agosto 11, 2011

A lista continua crescendo...

Falta um sorriso, um sorriso simples. Daqueles bem simples mesmo. Livres e soltos, que bordam nosso rosto em tenra perfeição. Sim, falta um sorriso. Falta um abraço descompromissado no início da tarde. Falta aquele alívio, tonto, no final de um problema. Faltam coisas que eu também não sei mais. Falta o desconhecido e o sonho que não se realiza. Falta um braço estendido, um beijo roubado, um resto de risada e até mesmo uma piada conhecida. Sinto tanta falta que não posso mais dizer que é da solidão, pois ela se foi. Falta um motivo, uma razão e até mesmo um tufão de verão. Faltam rimas melhores, versos menores e a poesia gritar no vácuo de um desejo interrompido. Falta tudo isso, mas não falta nada. É só pegar o envelope, abrir e contemplar todo um oceano revolto perdido de fotos passadas. Ali está e aqui falta. Ali tem e aqui falta. Ali vida e aqui falta. Não deveria estar lá, nem em um minuto. É para eu estar aqui, vivendo tudo ali e com a certeza do final do inverno quente...

agosto 04, 2011

O outono na crescente do lado inverso...

É uma linha a seguir, um trajeto rarefeito. Esquecido de passado, recheado de incertezas seladas de um futuro. Antes onde havia apertos de mão e abraços laçados pela falsidade, hoje é a realidade do frio, do escuro e da certeza da mudança correta. Os nomes se vão, outros deixam de existir, alguns ecoam em conversas de rádio, mas não trazem mais sentidos. Havia alguma coisa ali e aqui, cá e detrás, ajeitada e finita. Existia, mas se foi. Tento esquecer o amanhã e vejo doces risadas brotarem por aqui. Sim, talvez o outono tenha deixado marcas longas em mim. Mas foi em outro continente que mudei. Foi em outra estrofe perdida e sim, foi com outro sal. Hoje esqueci as antigas coleções de momentos, as fotos não brilham como deveriam e os goles são de gostos diferenciados. Hoje está frio, mas ainda estou quente da mudança. Se você se foi, a pena é só sua... Eu continuo e continuo para sempre.

agosto 01, 2011

É a força de um vento…

É o vício que dita seus passos, neste corredor de oportunidades onde não existe vencedor, apenas habitantes de dialetos. É uma jornada sem cor, mas distraída. É um jargão utilizado sempre esquecido. É a figura quase magistral de um buquê aberto com flores de vidro. Perdeu-se a inocência de finais perfeitos. Ficou um mundo enjoado de perfeição e felicidade. Mancharam a revolta, calaram o sinalizador e fez marchar toda uma tormenta homérica. Sim, sem vencedores o mundo se pôs a andar solene. Os lugares mais baixos eram cobiçados, as fileiras aumentavam e os buracos ficando cada vez maiores, ficando cada vez mais profundos e sem sonoridade alguma. As imagens se perderam e as linhas foram se acabando desta nova futilidade poética. Como um passe de mágica infantil, eu transformei em mundo, de revolução e nova cultura, um coração despedaçado e cansado de amores fáceis de esquecer, de promessas de vento e falsas entrelaçadas de paixão.

julho 26, 2011

Sentindo saudades de algo que não dá para explicar...

Em meus braços rouxinol com melodia de fim de tarde. Longe um silêncio canalizado de passos apressados. Em meus olhos um menear de cabeça afirmando o propósito. No horizonte a incerteza pintada com nuvens e crepúsculos de outono. Perto a certeza de algo indescritível, mas forte. Para lá a comunicação de teclas que, de pouca intensidade, endurecem pela falta. Um jogo de opostos com ingredientes conhecidos. Parece aquela música que fala do verão perfeito. Parece aquela risada de início. Até mesmo aquele ritmo que mistura todas as influências, sobre uma letra que nunca se repete. Você é uma aquarela de experimentação, uma cruz e uma espada, um sacolejo que endireita, uma pétala apenas de espinhos. Você me conhece pelo olhar. Em uma olhada, disfarça meus sentimentos e me faz crer que tudo é possível. Teu ar me falta em combustão espontânea e nada disso fica viável. Você fala que pensa em mim e meu mundo desmorona por completo. É complexo, mas é simples assim...

julho 17, 2011

Poderia ser algo agressivo…

Cores distintas de um painel mutante. Passos rolante de um dia nublado. Acordes frouxos, vozes redondas como rodas emperradas. Tento dormir, mas o tudo provoca pensamentos que não deveriam importar. E todas as distâncias de fusos sonhados me deixam largado sem me ensinar a fazer. Poderia ser o feno enrolado, os moinhos de história, o papel de bala arremessado ou o xadrez que faz olhar. O caixão passa por mim, proclamando que é um mundo infinito. O idioma odiado pode falar algo que ignoro, mas é importante pela ignorância. Todo mundo passa me oferecendo uma esmola, mas ainda procuro um sapato que possa me descrever e sonhos que possam realizar minhas imagens... Eu ainda busco aquele sorriso que não existiu de alguém que já não lembro o nome.

julho 05, 2011

Carregando baterias, revivendo memórias...

É difícil achar metáforas. Elas esgotam facilmente e as que sobram não são suficientes para descrever tudo o que acontece. Ah se eu pudesse te levar até onde meus olhos enxergam. Se eu pudesse te acompanhar em um ritmo que você desconhece. Talvez, se conseguisse, por uma questão de minuto, te explicar sobre todos os gostos que nos permitem. As horas correm, mas ainda sinto-me naquela dependência absurda de contá-las de forma decrescente. Uma vida em branco e preto me ajudaria a entender seu sorriso. O improvável já aconteceu, o rotineiro ficou para depois e as três cores já pintaram o oceano... Os óculos deixados de lado, a laranja que pinta o presente é leve, roupas jogadas ao além de um finito... Posso me desacreditar, mas você estará aqui, estará aqui sempre. E para todo o sempre possível, estará sorrindo e se fazendo tão perfeita, como uma obra de arte. Sem ano, sem data, você é e simples. Me deixou um chocolate e eu viciei em seus beijos... "Como fazer?" é o que me mantém acordado.

julho 04, 2011

Confusões e desencontros extremos...

É outro idioma, uma nova regra com um sotaque confundível. É a necessidade bebendo da sua melhor fonte. É um riso solto por um brilho de palco. Podiam ser coleções inteiras, refrões assediados dos anos futuros e aquela pétala de orvalho veterano. Poderia ser um simples pedido de fechar os olhos. Sem surpresas, sem partidas e atrasos. Um trato para alguém sem comunicação. A vida segue, esperando o anuncio do televisor, que muda e muda, mas sem alterar os valores. Os barulhos iguais de diferentes lugares. A surpresa do beijo, a fala carregada, a vida como um rock nunca feito. Sim, são imagens, estrofes, acordes, traduções livres e versos destilados por um grande saguão. Tudo me lembra você. Do sotaque, ao refrão. Do cheiro da alegria, ao barulho da corrida. De usar bermuda no frio, ao humor de acidez chata. Sempre desejei enxergar as cores e agora já sei como me mover para fora desta confusão. Sim, eu já sei e agora só falta você.

junho 25, 2011

S.A.R. – Cap. 3 – Eu continuei sonhando…

Ainda sem saber se foi sonho...

Sofás separados, distantes por aquele espaço impossível de toque. Com ela, sempre risadas abafadas de desejo. Uma tentativa de toque, um perfume solto no ar. Brincadeiras dobradiças, leves toques inoportunos. Silêncio e mãos entrelaçadas. Se fosse narrar esta cena, alguma hora ouviria o roçar de pés, a respiração da tentativa, o molhar de lábios. Saio de cena e vejo o tudo. São piadas refeitas, doces indiretas, olhares ao monte. Eternos. Brilhantes. As mãos se unem, vencendo uma distância necessária. Tudo ou nada. Ele ri, ela também. Talvez foquem em diferentes anedotas comparativas. O que importa no fim? A saída tímida, o beijo enfim, o aperto dos corpos, os abraços além e até mesmo uma carta endereçada. Poderia ser uma história adolescente, um sonho desconexo, uma vontade escondida. Mas, acabou com ele sorrindo, ela indo e ele batucando uma canção de longe, enquanto ela decidia seu destino. Houve certo arrependimento dos dois, encontros desencontrados e toda aquela história que cansamos de ver em sinopses conhecidas. De apelidos parecidos e amigos falando das igualdades. O que contei agora parece um sonho realizado, após ver a vida repleta de intransitivos frios. Ela não me acordou, mas eu a deixei ir...

junho 21, 2011

S.A.R. – Cap. 2 – O devia mais complexo…

Verbos em vida, verbos intransitivos...

Poderia ter sido diferente. Sim, deveria entender o olhar, ouvir os passos e a risada abafada. Deveria ter sentido o perfume, por mais tempo, para me embalar e embriagar nesta tortura sem fim... Deveria ter seguido uma risada e aquela ironia solta. Deveria ter feito sorrir, a pessoa com quem sonhei há tantos meses atrás. No sonho contado, ela me chamava para ouvir seu coração. Na realidade, ela estava ao meu alcance e tão distante de sons que fiquei sozinho novamente. No sonho ela me acordou com seu brilho no olhar. Na realidade, me perdi com seu sorriso e fiquei perdido em descrições além. Teve mensagens, teve revelações e até confissões complexas. O que faltou, foi o que eu e ela queríamos. Faltou aquele laço final, uma última ironia, uma piada ácida solta na noite, uma pétala presa, uma virada de olhar, um aperto estranho e aquele olhar para baixo que vi na terra cinza... As cores mudaram, mas você continua completa. A temperatura era próxima, mas consegui enxergar um verão. Você não respondeu, mas eu deveria ter entendido seu lábio e seu sorriso solene. Eu devia e não consegui... O que adianta escrever linhas misteriosas, se só você conseguiu desvendar tudo isto de uma maneira tão calma e fácil? Sem tanto tempo, sem juras incompletas. Eu quero, você quer e nós queremos. Verbos que em vida, tornam-se intransitivos e imperfeitos. Bloqueando todas as nossas possibilidades...

junho 20, 2011

S.A.R. – Cap. 1 – Como foi a primeira vez…

Alguns pontos não precisam ir além...

Ela veio me acordar no meio da madrugada com um sussurro nos ouvidos. "Acorda e vem cá!" dizia em som baixo que custei a entender. Seu sorriso estava postado em seu rosto. Seu sorriso era tão leve, tão limpo e tão lindo... Ele foi responsável algumas vezes em meus sonhos, me levando a lugares únicos somente pela sua beleza... "Vem poxa... Dorminhoco!" brincou ela brava em certo momento... Acordei e a segui pelo corredor, tentando acompanhar seus passos quase surdos, sem barulho, como toda suavidade possível. Ela me levou até a varanda, com a noite fria e o vento forte. Ela parecia não se importar com a temperatura e me chamou para o seu lado na cadeira que sobrava... Obedeci conforme ia acordando e a tontura do sono dissipava-se, graças ao vento forte de fora... Perguntei o que tinha acontecido e o que ela queria me mostrar afinal. Seu sorriso sumiu durante um curto espaço de tempo, porém voltou com grande intensidade... Ela levou seu peito em meus ouvidos e falou "Escute este som, é o som do meu amor pulsando no meu peito, por você..."

junho 12, 2011

Algumas letras juntas, ignoram razões...

Está escondido na magia de correr, de mãos dadas, para não perder a partida atrasada. Está no esconderijo imperfeito nunca descoberto. Está nas palavras que não foram possíveis compreender da música. Está em outro idioma inexistente dos dicionários próximos. Talvez seja uma chuva de mudanças, talvez seja o aprendizado de um novo caminho, talvez seja tudo aquilo que você deseja, talvez seja tudo o que te enoja só de perceber. Enxergar as figuras presente nas letras, que guiam seu tortuoso deleite. Imaginar que elas sejam permanentes dessas letras. Sonhar com o dia que as figuras serão colocadas em suas próprias letras... Tão perfeitas como as de hoje. Outrora anjo ou demônio, de céu e inferno, do claro e trevas... Na absoluta escuridão, convivem os seres daqui e dali. Quer a idolatria ignorada, o frenesi de um aspecto qualquer. Uma peripécia malvada de inocência lavada. Sim, queria sorrir pelo simples fato da brisa. Queria sorrir pela tela desligada. Pelo mosaico romano. Pela trupe escandinava. Queria conhecer tudo, poetizar concretamente e cantar, livre e sem culpa, suas imagens mentais presas em rimas. Ouvia os sons ainda ecoando sem fim de passarela. Ouvia e queria aprender...

junho 04, 2011

Mais um ciclo fechado que começou...

São frases distintas perambulantes. São retratos de um passado presente. São marcas deixadas pelas curvas do rio. São traduções espontâneas, que remetem a pura realidade. São partes de mim. Olho para a obra fixa e enxergo a passagem de anos, as dificuldades encontradas, os gritos de silêncio, a abstração dos possíveis arranjos, a forma que isso tudo levou, os giros que apareceram na vida, os diversos caminhos, as eternas caminhadas. Cada pedaço de papel traz uma imagem. Muitas delas carregadas de uma emoção ímpar, mas que são necessárias. Muitas foram compartilhadas, muitas foram homenageadas e elogiadas. Sim, eu já andei do céu ao inferno por conta disso. Escrever não é a mais grata das tarefas. Poetizar um momento, com o peso emocional, sempre foi complicado. Eu ganhei algumas coisas, perdi outras... Mas me mantive seguidor e, desta jornada sem fim, colo mais um papel para fechar, pelo menos por agora, esta volta parada. Será assim, até a próxima data... Sempre poeta, sempre apaixonado por você, sempre com um olhar diferente, a mesma lamentação. Sempre, você...

maio 19, 2011

Começa e termina com um risco de atividade...


Tinha um envelope na mão, cheio de ilusões e postado com um destino improvável. Improvável de vestimentas, de cheiros, de lugares ou de reviravoltas. Sim, ele estava tentando seguir para o próximo ponto. Queria ter as palavras certas, certeiras e certeza para completar a carta. O balanço, o barulho e toda a impessoalidade, reinavam na sua viagem. Pessoas infinitas puxavam a cordinha e paravam para descer e curtir aquele ponto escolhido, por obrigação ou puro ato ilícito. Tem algo mais impessoal que este trajeto? Algo mais surreal que não ter um remetente para enviar uma carta não escrita? Alguma música que não lembre a subida de escadas, que a avistou de toalha na mão com um sorriso perfeito? Alguma época sem enfermidades que sentisse o cheiro de chuva sem culpa? Sim... Ele estava em um trajeto desconhecido e não temia por isso. Ele esperava. Ele queria. Ele sabia da hora e que tinha chegado. Ele não buscava nada, queria apenas piscar de olhos diferentes, diferentes lugares, lugares ásperos. Ele sonhava, mas não dormia. E de final, ele pode ser eu, pode ser você, pode ser o que virou a esquina com a carteira nova e até mesmo ele não existe, mas vive em suas veias... Sim, você já desceu no meio do trajeto e foi vivenciar os extremos. Não?

maio 17, 2011

Uma estrada biográfica...

Guiando pela noite, batidas desconexas de algo não muito fechado. O som, que é sempre aleatório, brinca com suas lembranças novas. Cada música acertada é um suspiro onde invadem inúmeras imagens. Ele guarda todas, talvez seu problema. Cada palavra da melodia é associada a um momento, uma vida passada, uma promessa quebrada, um algo que não ocorreu. Ele cria histórias, mas não as escreve por vergonha. Sua mente é desconexa da realidade, seu maior turbilhão, seu maior desafio. Guia pelos caminhos conhecidos, interpreta os desconhecidos e logo tem a sua direção retomada. Queria se perder para se encontrar, como diria uma das frases. Queria conversar sobre a vida que não tem. Queria, mesmo que por um leve segundo, saber o que escrever e saber como não sonhar mais com olhos claros. Queria muitas coisas e o retorno é tão longe que desistiu e fixou, na embreagem e no volante, guiar a vida sem voltas. Deste retorno perdido, novas lembranças, novas imagens e novos amores... A rotina, pintada de infinito, surgiu novamente pedindo passagem...

maio 11, 2011

Uma junção de desconexos

Devemos partir, devemos viver. Esperei por tempo demais. Dê-me um ritmo simples. Eu só preciso de uma música para cantar. Eu busco a perfeição, por muito tempo. Eu não vou te deixar. Levarei minha bandeira de independência. Sobrevivemos de todas essas coisas. Isso irá nos matar em pouco tempo. No tempo certo o brilho irá mudar tudo. Isso é tudo por você. Somos números opostos. Somos vilões de mentirinha. Sentimentos enrustidos, cantando canções sobre um futuro que nunca nos pertencerá. Irei beber as alternativas vãs. Eu sou neurótico até o osso. Um caso perdido, um caso total. Dirigindo por milhas para você. É triste quando suas escolhas estão perdidas. Você se sente morto, mas está vivo. E isso tudo foi um sonho...

maio 07, 2011

Eu precisaria te encontrar...

Eu te busco em brilhos sem lembranças. Te busco em deixas sem prazer. Te busco em ruas cheias. Te busco naquela hora que suspiro. Te busco em nomes diferentes. Tento, traço e acabo contemplando um outro mundo de possibilidades. Nunca paro, até os raios mandarem... Coloco sempre a camisa que me lembra do primeiro telefonema. Aquele doce talvez... Aquele sorriso que não pude ver e acho que existiu. Eu tenho quase certeza que existiu... Mesmo sem ninguém ver, sem ninguém acreditar. Eu sonho que existiu e nunca lembro de ter sonhado. É uma avalanche que sempre me faz paralisar e acompanhar seu ritmo. É uma ferida sem rasgo aberto, mas que dedilha para o fim... A hora chegou e como eu nunca te encontro, volto a poetizar sabendo que isso tudo é feito para ninguém, além de papel e rouquidão.

maio 03, 2011

Dando goles abstratos…

Alvos prediletos. Rabiscos ilegíveis. Tela negra de solidão. Tear emaranhado. Pesadelo frio. Copo médio. Líquido incolor. Cheiros... Convites... Olhares... Como resistir a algo que foi intenso no seu interior? Como escapar de um som que você nunca pensou que te contagiasse? Como ignorar o maldito brilho que cismou em brilhar quando se carregava alguma coisa perdida, para um vale obscuro e totalmente sem opção? Sim, eu me perdi. Muito. Talvez o mais do que pudesse descrever. Eu não esperava, eu não esperava... Talvez um erro ou talvez um acerto. Os acordes foram certos, a poesia rimou no esperado, o desfecho de um livro começou a encaminhar no meu gatilho pessoal. Tudo deu certo. Tudo. Menos você. Menos a nossa epopéia... Só sobraram palavras débeis, de um único enredo solitário... Sobraram os sonhos e lutas de uma única mão que, de tola e alegre cismou em construir... Sobrou tudo e sobrou nada. Personagem final.

abril 30, 2011

Sem explicação de tanto calado...

Com ela não consigo ser, por mais presente ou simples que seja. Com ela me falta o ar. Com ela me sobre o perfume das pétalas que, de tão belas, ocultam meus suspiros. Com ela paraliso no instante, no tocar de dedos, no emaranhado do cabelo e na situação inversa. Com ela volto a ser criança e espero o lírio doce de uma dança perdida. Com ela descubro o verde e brilho da esmeralda dos sonhos. Com ela sou tudo, mas como me falta o tato de continuar, me calo no momento aberto. Silencio após o melhor dos beijos, ocultando as adversidades extremas da conspiração. Com ela sou tímido... E como ela disse tamanha frase, acabo paralisado neste momento complexo. E deste triste fim não escrito, balbucio minhas vontades. Calado, saboreio a derrota consumada e previsível. De tanto pensar com ela, acabei sozinho, tentando encontrar respostas em palavras alcoolizadas de pré-sono. Acabo com dúvidas e simples "porquês" na cabeça. E termino...

abril 23, 2011

O que há de errado com o tudo bem?

Doce melodia tão difícil de cantar. Flashes de memória que transcrevem os momentos que o rádio cantou, em uníssono, o orvalho do anoitecer. Um leve apanhado de luzes, daquelas que brilham em um escuro promissor. 'Vamos e vamos, pois temos tempo do mundo perdido!', estava escrito em uma lápide que passou algum tempo em desventuras. Silêncio forte e construído, históricas correções daqueles erros bobos que cometemos, por não perceber que não existe melodia nesta vida em que tentamos refrescar com o picolé vespertino. Palavras que não possui entendimento, palavras essas de um resgate lento. Simpatias, broches e pitacos. Recheios, rimas e sorrisos odiados. Nunca tive tanta dúvida em mente e assim, com este completo pesadelo, intitulo o pergaminho borrado como se fosse uma chave de ouro. Uma chave de ouro repleta de inspiração daquele lugar tão distante, tão distante e distante daqui...

abril 21, 2011

Pitadas racionais que não se interligam...

Eu não sirvo para as jurinhas de amor que beiram a novela famosa. Eu não sirvo para acariciar um sorriso postado que beira a falsidade. Eu não sirvo para retribuir um amor que beira o inaudível. Eu não sirvo para entrelaçar dedos que não descruzam braços. Eu não sirvo para ser apenas mais um em meio a tantos. Eu não sirvo para ouvir comparações de astros que não brilham mais. Eu não sirvo para entender razões que se perdem como pó. Eu não sirvo para aquelas tontas comparações vazias em bordões baratos. Eu não sirvo para calar-me neste pretérito, que de tão imperfeito não conjugou. Eu não sirvo para ser temporário e, pensando por outros métodos, foi só o que você conquistou. Eu sirvo quando for para amassar e lançar no abismo infinito todas essas especulações baratas. Sirvo para apagar e reescrever novos passos. Sirvo para sorrir na chuva da desgraça e chorar na queda de alegria. Sirvo para poetizar uma nuvem, um silvestre ou a pétala de vento. Sirvo para a eternidade e sinceridade, pois elas são escassas e o mundo ainda não as conhece. Simples assim...

abril 16, 2011

Fáceis paisagens cotidianas...

Se soubesse que seria a última noite de estrelas, teria colorido o céu com o infinito décimo. Se soubesse que faria a última curva, brecaria na encruzilhada de emoções. Se soubesse que a certeza falharia, teria feito meu pedido com a sinceridade que nunca me foi refém. Se soubesse que o mar mudaria, enxugaria as lágrimas que acumulavam e daria um novo laço de surpresa naquela simples prenda. De presente ao passado, um futuro de pretérito. De sempre ao nunca mais, um convite vencido. A vida desenha curtas passagens com largos corredores. A vida bifurca horizontes e emaranha fatoriais possibilidades. A vida brinca com suas páginas, como aquela criança com olhos de aprendizado. Carrega para um lado como peões próprios e deixa ao pó as peças necessárias do quebra-cabeça, que tentamos como inúteis chamarmos de vivência. Traça quadrinhos de gibi inocentes e pitorescos e depois traz os ventos de mudança para o ambiente épico e trágico. A vida fez tudo isso e se eu soubesse seu enredo completo, teria desenhado a incerteza como resposta final e pintaria todas essas dúvidas em meu leito de eternidade.

abril 10, 2011

Como se fosse uma música...

O rádio canta aquela canção triste e eu penso nas melodias perdidas que me fizeram chegar aqui. Todos partiram, todos me deixaram com rasgos imortais, letras isoladas e harmonias repetidas. Tentando andar e visualizar através de borrões premeditados. Tentando ser verdadeiro, não sendo coeso. Vivo em um limite imposto por tragédias coloridas. Caminho por momentos abafados e de risos rarefeitos. Questionamentos marcados em papel inexistente ganham a vida neste cenário que não consigo descrever. Enquanto desengato para viver a emoção da descida, seu espírito proclamava os últimos suspiros e o Adeus era concreto. Pobre garota que se perdeu entre planetas. Pobre garota que acreditava que nuvens eram algodões modelados. Pobre garota que se perdeu em uma falsa promessa, de uma quinta-feira nublada. Os versos escritos e cifrados voaram em algum momento e eu não pude buscar. Não pude trair meu instinto de poeta. Deixei-os voar livres e sem anseio. Deixe-os se perderem... E com eles, tudo acabou de uma maneira melancólica. Todo um possível trabalho único. Toda possível música especial. A canção se perdeu, mas você ainda canta as mesmas coisas... Você ainda canta em alguma varanda pintada de anis.

abril 08, 2011

Do estranho aritmético…

Busquei respostas, procurei a luz e tentei alcançar o fim esperado. Viajei por redondilhas que me puseram um glamour exagerado, pulei por sonetos que, de épicos, me carregaram de bravura, mas nada findou em cores que pudesse transcrever. Andei por corredores infinitos onde jazia uma esperança descolorida pelo tempo. Reacendi castiçais puídos por rigorosas estações. Tentei tomar controle de emoções diversas, que se espalhavam como grão perdidos da colheita. Redigitei os números aleatórios que sempre encerravam com a doce e risonha voz. Redescobri estrofes que se espelhavam nas doces epopéias manuscritas. E fiz tudo isso, pura e simplesmente, por conta de uma noite perambulada. Uma noite sem sonhos e sem olhos cintilantes. Uma noite clara que devastou toda e qualquer razão da emoção. Fiz tudo isso para abstrair minha vida do resultado. Retirar o mundo do zero das aplicações. E consegui...

abril 02, 2011

É a vida e a morte...

Tenho essas anotações parciais de anos passados. Fragmentos de uma vida, de visões e de decisões feitas que desencadearam novos caminhos. Anos passaram e estou aqui colhendo esses turbilhões. A vida passa rápido, a vida passa lenta. Rápida para os dias claros de alegria, lenta para os nublados de dúvidas. Gritos de liberdade! Frases inacabadas, rabiscos, como solos soltos em uma melodia inacabada. Algumas partes do famoso "preto no branco", com as certezas e vitórias erguidas em poesia estranha. Batidas fora de ritmo que soaram por algum momento na curva de destino. Singularidades de um anseio sóbrio que, perambulando nas madrugadas não encontrou seu lugar. Tudo muito alterado, possuído e estridente. Sim, as equações não bateram, os amassos só fizeram o fervor durante os primeiros segundos e eu mudei antes que pudesse pedir uma nova porção. De assíduo, virei às vezes e depois passei para algum. Como um pergaminho em outra língua, pude ser pouco entendido. Alguns me admiraram e parabenizaram pelo empenho. Eu nunca ouvi e hoje, anos depois, mesmo sabendo que pude melhorar nesta jornada, ainda me vejo o mesmo não-sentido. O mesmo não-lugar que vasculha entre verbos e substantivos, que abstraí o seu mundo para tentar concretizar a sua missão aqui. Eu mudei, não para te encontrar ou achar um sentido para tudo. Eu mudei para te esquecer, porém mudei tanto que me esqueci desta missão e ainda poetizo sem fim, durante todas as noites, em diferentes palavras, mas para apenas uma relva. A sua e somente sua.

março 31, 2011

De um sonho requintado…

Deste que teve todos os ingredientes possíveis, não teve realidade. Mas se é sonho, tem que ter a fantasia. Aquela fantasia simples e direta, que faça você se perder, que faça você enxergar as cores de uma fina camada de luz, que faça você balbuciar sonolências e pedregulhos de um destino incolor. Teve aquele toque, aquele leve passar de mãos na pele tão complexa. Não teve conexão com os trilhos condutores, não teve aquela mentalidade que podemos chamar de furada. Teve um labirinto claro, teve uma traição e teve uma tristeza de apertar o peito. Tiveram cenas de choro e lágrimas que não escorreram, mas que não eram falsas. Teve uma angústia dolorida e aquelas promessas de seguir a vida, que fizemos milhões de vezes. Quando chegou nesta parte, me toquei que era um sonho e, mesmo após anos sem te ver, eu sonhei contigo e te vi indo embora cada vez mais distante, cantando mais uma vez a canção de outro, mas que sempre fez lembrar você: "Não posso ver você assim, sem direção, querendo ser outro alguém. Girando entre os planetas em órbitas extremas". Sem mais, acordei e teu perfume me fez sorrir de leve nesta nova epopéia da solidão.

março 28, 2011

De um lugar que nunca para...

O sorriso sincero contagia um substantivo fazendo-o verbo. De ação ou emoção, um verbo transcrito. Se das gotas de vento equaliza um momento, de barulhos sonoramente engraçados são desenhados motivos. Do eterno balanço que proíbe o passeio, poetizam estrofes sem rimas de uma curta e provável biografia. Do solitário monumento preso em liberdade, acordam aqueles tantos da ressaca do exagero. Crianças são reis e rainhas, pois suas risadas abafam sua curiosidade branca demais para um mundo obscuro. E tento, com certa impossibilidade, encaixar um riso lento no momento que desabrocharam pétalas vermelhas. Da cor do pecado ou de simples carência, foi nítida a admiração daqueles passos embriagados rumo ao desconhecido e o cheiro convidativo parece que descarta as opções antes disposta à mesa. Tocam os instrumentos com a melodia lenta e conhecida, os estranhos cantam o refrão enigmático, tentando encaixar-se na história descrita por outrem, mas sabem, mesmo sendo tolos inocentes, que jamais serão as personagens desta dança. Desta doce confusão de cheiros, esbarrões e olhares tímidos, poetizo sem fim na varanda regida pela imensidão azul convidativa.

março 13, 2011

Você desenhou demais o que não precisava...

E não temos uma foto para recordar momentos. Não passamos de nomes em uma lista qualquer que, de tão temporária e impessoal, queimou com os primeiros raios da manhã. Tentei traduzir em pétalas e rimas, conquistar alguma razão e até um pouco de texto marcado. Não consegui. Simples. Se fosse brilhante, viraria a estrela morta do céu. Se fosse especial, levaria aquela coroação mágica e que não faz barulho. Mas o que sobraram foram os sorrisos vagos, a proibição latente do limite imposto e a certeza que podia ter sido, pelo menos, algo a mais. Desisti pelas negações, desisti pela vida desenhada demais. Desisti por você e nem sei porque gasto meus dedos sobre o papel. Talvez por me policiar demais, talvez porque precisava desta fuga racional. É isso, foi por isso...

fevereiro 28, 2011

Sempre a noite. Como filhos de uma escuridão, pensamos conosco nas noites que nos banham com seu infinito. Dirijo por vielas infinitas e mal acabadas. Sigo retângulos irregulares que talvez me mostre algo para admirar. Porém é nas noites que você manda em pensamentos... Melodias são associadas e busco a rima que faltava para tudo isso ser revivido. Olho pelos diferentes quilômetros que chegamos ao máximo da notoriedade. Nos pontos de fantasias únicas e o sorriso que banha meu rosto é para contemplar uma doce lembrança antiga. Continuo guiando meu corpo e mente em busca de novos horizontes, mas carrego comigo, sempre comigo, a surpresa da primeira vez. A inocência do início e o seu nome transcrito, nas inúmeras testemunhas estelares, neste firmamento dinâmico. A noite sempre carregará você comigo, onde ela estiver me guiando...

fevereiro 23, 2011

Por algumas folhas de calendário antigo...

A falta de contato brada a falha de constância. Questionamentos são feitos como pão de picadeiro. Antes um mar revolto das vontades e desejos latentes, porém agora apenas um silêncio que de tão solitário, declina os membros ao chão. Se de carnal passou à lembrança, esta de inexistente cientificamente, tratou de dar cores ao passado. Torceria por viver com os gostos de outrora, regar os momentos com úmidas risadas e pesado comportamento... Torceria! As letras transformadas são outras. São pequenas e unicolores, sem som ou sal, como se não tivessem vida. Os números brincaram neste calendário, pois completaríamos mais uma jornada. Completaríamos no bar, o aparecimento de novos contatos. Neste mesmo calendário, o sentimento único que fui arremessado da carona, que pegue para me ajudar a pintar novamente um pedaço de enredo contigo.

fevereiro 15, 2011

E não existe o Era Uma Vez...

Se fosse escrever como se apaixonar, começaria errado. Se fosse falar sobre como terminou, terminaria errado. Não consigo descrever como ela enxergou as cores ou até como encontrei significados perdido no além do firmamento. Existiu um momento e só isso é real. Existiram aquelas estranhas graças, estranhos gestos, perdidas emoções e infinitas tentativas de esquecer. Enumero canções que foram pano de fundo. Enumero gírias que ganharam singelas gargalhadas, porém cubro tudo para perder a conservação. Talvez tenha enjoado desta poesia abstrata, que tentou definir o amor. Sei que ele se foi como chegou. Perdido em uma conversa, fantasiado de amizade ou em forma inesperada com um choque corporal. Ele se foi e tudo o que ele deixou foi a certeza de como ele não é. A certeza que é preciso muito mais que uma embriaguez sentimental ou um sorriso puro ao despertar. Ele é mais do que tudo isso e, quando ele chegar, fico com a certeza de três simplicidades. Primeira, ele não aparece inusitado ou camuflado demais, ele simplesmente É. Segunda, ele ficará o tempo necessário do pulso, indo embora quando este parar. E terceira, ganharei aplausos desta platéia silenciosa, que cisma em chamar de louco e perdido, este simples escritor que ainda tenta achar o seu lugar.

fevereiro 06, 2011

Eu estou aqui para dançar…

Se te falasse depois de anos que tudo foi a fantasia postada? Se te contasse que fiz este jeito depravado para te arrancar suspiros e risadas? Se desvendasse que as paranóias foram criadas pensando no resultado final e não no amor? Se te falasse, com todas as letras possíveis, que brinquei de platônico, pois nada melhor tinha para fazer? E se te contasse que escrevi todos aqueles textos para te impressionar? Para te fazer a imagem de romântico louco e completamente dependente de teu mundo. Se te contasse que todas as madrugadas em claro, olhando céus diversos, foram por diversão e não por insônia maléfica de amor não correspondido? Se te falasse que comecei a reler tudo que foi de outrem, colocando as pitadas certas para que se fizesse a sua cara? Se te contasse que, todas aquelas vezes que passei em frente a casa branca e olhei para o lado, foi só para ver se você já tinha sumido do mundo? Se contasse que olhava pelo endereço mágico, esperando o número ímpar aparecer e ver um sorriso que sempre me paralisou? Sim. Tudo era verdade e nada disso era para ter ocorrido. Sim. Tudo aconteceu por sua causa, mas não te culpo. Sim, querida... Eu vim aqui para dançar a perdição da vida, para te escrever linhas doloridas, para sonhar coisas que jamais serão realizadas. Sim, eu estou aqui para não receber uma ligação de retorno ou uma pétala de atenção. Sim, eu estou aqui para dançar e dançar como se não houvesse amanhã, esta ciranda retardada que me carrega por cacos e vidros espalhados. Que me carrega por vielas de censura e amores perdidos. Que frita meu coração ao ouvir seu nome e sangrar de tanto dançar esta coreografia. E dançarei até sangrar o fim...

fevereiro 01, 2011

Pedregulhos de ressalvas importantes...

Nos hemisférios clamam as patadas da voz. Fico fora de contexto, pois a realidade me põe de lado nesta discussão pouco aproveitada. Tracejando favores em diminuto, recuando e acelerando notas que façam um acorde cheio. Um mundo que vibre e construa sua estrada melódica. Seu princípio, meio, fim e sumiço generalizado. Buscamos ser aquele refrão vivo de risos, porém esquecemos de preencher a ponte da canção. Ligamos-nos apenas no que é dedilhado rarefeito e esquecemos os pesos de algumas promessas desenhadas... Nunca mais fizemos aquelas casinhas felizes, pois nossos olhos se desacostumaram com a fantasia. Nunca mais desenhamos o sol no centro, pois molhamos nossas vidas com a chuva, carregando assim nossa sobrevivência com as nuvens... Destoamos de um ditado pré-escolar por vontade própria e esquecemos que, se soubéssemos ler corretamente, a nossa melodia-vida estaria com a partitura completa. Ela estaria repleta de maiores e menores, de jardins e brincadeiras sem sintomas, poetizadas e girando ao vento refrescante... Porém, temos apenas uma salada abstrata que não nos mostra caminho. Uma salada que nos desenha, que prendem até o desconhecido confuso. Uma salada que chamamos de experiência, porém nem lembramos mais como é o sabor de um beijo inocente em uma escada escura da infância...

janeiro 24, 2011

Em porçoes certas de sentimentos...

São fotos que esparramam momentos belos, são simples estatuetas com sorrisos infitos... São enlaços que forjaram uma eterna construção... São cores que, de tão vivas e tão completas, facilitam o entendimento do amor. Pudera eu tocar nessas fotos e voltar ao tempo delas. Pudera eu corrigir um qualquer detalhe perdido... Pudera voltar atrás e refazer novamente as promessas de eternidade... Pudera eu ter mais concretas essas lembranças de alegria. O presente é cinza, abafado e complicado... O presente é fruto de todas os passos antes feito, o presente é este que ao invés de contato, cheiros de lembranças, ao invés de um abraço de conforto, angústia pelas mãos tremulas... O presente é esse em que eu tenho poucas necessidades, mas que completariam a minha vida... O presente é esse em que sonho o que antes era real. Eu precisava ouvir de amor, eu só precisava de umas palavras, rimas soltas no vento, um abraço e aquele brilho todo especial... Eu precisava de você aqui.

janeiro 23, 2011

Talvez tenha uma falta sua em mim...

Os acordes limpos e acústicos emergem plenos no espiral em alguns quilômetros. A melodia me transborda para nomes de significados diferentes, porém um único sorriso. Seu e só seu. Responsável por boa parte do meu riso por tempos inimagináveis, responsável por algo tão surpreendente quanto real. Trocadilhos e junções abstratas de algo que tinha um futuro incerto... E deste incerto, se fez um silêncio. Cantei-te e poetizei palavras copiadas de algum artista perdido e conhecido. Rimei-te, em nossas andanças, todo o desejo surreal que nutria em mim o teu nome e tua presença. Com você fui completo e alegre, fui aquele querido e soube ser odiado. Porém seu doce e suas curvas nunca me abandonaram... Você me deu, uma vez, um presente que dizia "Que não passa de ilusão" e continuava, em outra parte, dizendo "Ilha adentro, noite afora"... Deste sempre, é nossa união, é o nosso momento, são as nossas canções.

janeiro 19, 2011

De partes partidas achei um inteiro...

Uma centelha completa de chamas vivas. Um mar vivo de cores, de perdidas inspirações e esquecidos significados. Tropeços de cartilha, pétalas descoloridas de tempo, espaço contínuo e emaranhado. Galerias diversas com a utopia silenciosa. Teclas que nada mais significam, juras espaças em um universo recheado de vácuo. Nada mais permite a existência, nada mais existe neste complexo momento. Olho ainda para as folhas esparramadas, as folhas que berraram tanto de mim e hoje silenciaram em amarelo desbotado. Passei muitas chuvas, tempestades e um único sol destruidor. Passei por tudo isso e ainda acho que faltou começarem aquele espetáculo diferente. Eu fiquei aqui trancafiado pela ilusão de que eu era único. Trancafiado por garras inexistentes de ironia e falsos beijos... Mas o pior foi ter idealizado você.

janeiro 13, 2011

O que era talvez tenha acontecido...

Eu era descrente em um ninho montado. Era um cego poético, com meias palavras soltas, sem rima ou anedotas, em meio a pétalas de prazer. Era um daninho sem história, que respirava por osmose e não sentia nada além da normalidade. Então me cortei com abstrações indevidas, com passos largos de um rouxinol em conto de fadas. Sangrei um acre veneno cor de destino, sangrei aquelas indefinidas canções esquecidas e infinitas... Sangrei para uma morte lenta e, como não sabia o que era o viver, foi indolor. Desmanchei o buquê das promessas, poetizei um cartão de visitas inexistentes e comecei a rimar o inconsciente. Entre cavernas e penhascos, entre chuvas e granizos... Criei o inevitável, o maléfico, o imperdoável e o santificado. Juntei conjunções destruídas, preposicionei os amargos extintores de vida... E quando, em escala menor e disjunta, consegui respirar pela primeira vez, avistei ao longe a bela de branco, o sorriso encantador, os olhos brilhantes e o perfume suportável... Algo concreto, que com olhos enxergava e nem com a mais doce e profunda inspiração, conseguia rimar abstrata. Ela existia, era real e se movia, delicadamente, sempre ao longe... Passei sempre a observar e ali, com minha respiração, comecei enfim a amar...

janeiro 10, 2011

E foi infinito até acabar...

Certo dia acordei e gozei poesias sobre ti. As rimas e construções poetizadas me lembravam tanto teu olhar, tanto tua leveza... Meus olhos cintilaram de lembranças amenas, abafadas pelo teu doce respirar. Eram tantas poesias! Tinham pouco da forma conhecida, tinham pouco daquele leve orvalho romântico... Mas tinham meu amor, em cada palavra, cada abstração que ninguém entendia, cada cenário que descrevia com o pouco, cada suspiro que encontrava na lira perdida, seu principal afeto. Um corredor móvel completamente tumultado, mas sentimentalmente rigoroso. Uma colheita de grãos que nunca poderia ser plantada novamente, apenas uma vez com o seu sabor infinito, somente uma vez com seu brilho de seda, somente uma vez com seu néctar dos deuses. O amor só existiu naquelas palavras, naquele tempo, com os olhos lacrimejando a principal verdade... Aquela que até hoje não consegui respirar, que tento não sonhar e acordo ao começar, a que não consigo mais mentir para meus sentidos... A verdade que eu não amo mais ninguém.