agosto 24, 2012

É tão difícil que lembra você...

Escrevi três capítulos mentais. Esqueci todos os personagens e foquei apenas em borrar o meu enredo. Distribuí conjunções como verbos e matei a gramática com meu desgosto. Escolhi números para os parágrafos e letras para as páginas. Estava quase ao fim, quando queimei todas essas tentativas, pois me faltava um passeio. Faltava o caminho plantado e as tormentas de minhas escolhas. Lembrei que certa vez sonhei com uma menina e me completei com três capítulos bem apresentados, talvez os mesmos de agora, mas com um cenário diferente. Segui adiante com a folha branca, sem rabiscos ou rascunhos de uma vida. Segui apenas para não lembrar o que já virou história, mas para construir o meu novo lugar comum e dessa vez sem começar com um sonho de "Era uma vez"...

agosto 19, 2012

Uma história esquecida...

Era manhã e os olhos tentaram se acostumar com o ambiente claro e sua brisa de novo dia. A cabeça latejando, dores em pedaços, sabor acre e olho profundo. O corpo correu o ambiente, os olhos enjoaram e a enxurrada de lembranças veio à tona. A história começou com o diploma na parede. Piadas que ele era o personagem principal e as situações que ele viveu de uma maneira diferente. Ela riu, muito. Era um sinal, um presságio que as coisas iam dar certo e que o momento certo estava sendo desenhado. O beijo quente - no corredor escuro do fundo, fez o enjoo passar e um leve sorriso ao meio de uma enxurrada da ressaca foi visto. Ele não sabia o que era o resultado disso tudo, mas se o amor tivesse uma exceção seria aquela de uma ressaca, uma lembrança e uma vontade enorme de fazer a mesma coisa com uns goles a menos para lembrar tudo depois...

agosto 15, 2012

Para transformar em realidade...

Certa vez quis escrever um conto. Daqueles que fosse pensado e atraísse o leitor para seu início e fim. Daqueles que o cenário é explicado e sentido, que você consegue entender a cor vista e o cheiro que preenche o lugar. Eu queria, mas não consegui sair das primeiras palavras. Queria falar dos desejos carnais que enchiam as mentes das personagens. Queria falar até daquele suor em mãos quando os olhos se encontram com a boca cheia do mais puro desejo. Sim, eu queria tudo isso e não passei das primeiras palavras. Talvez por eu não ser um escritor de contos. Talvez por saber que minhas aspirações só fazem sentido no mundo abstrato e de um vocabulário antigo e difícil de ver por aí. Talvez por não entender como me apresentar como um Narrador-Deus. Com toda certeza que olhei as mesmas palavras e vi um conto tão mal escrito na viagem que faço que tomei coragem e este conto vai sair. Mudarei o tema, por já estar perdido, mas um deles vai sair. Daí para aumentar as linhas de textos abstratos, esquecer este tipo de amor que tanto poetizei e começar a colher os frutos da minha realidade suada é um abismo que nem penso em ver o fim. Pode ser um caminho, mas tudo passa por este conto. Este conto cheio de talvez e que eu ainda vou fazer...

agosto 10, 2012

Um pouco de som e trechos...

São os primeiros olhos de um verão que correm por páginas escritas. Se seu canto não é dos mais doces, é porque sua intensidade é maior. Pobre dele que contempla a noite para buscar um brilho especial de poesia misteriosa. Busca tanto que sonha em um sabiá noturno para alegrar seus sonhos. De goles abstratos até proibidos, foi regando seu corpo por doses eternas de um doce e intuitivo álcool. As escamas cederam e uma nova carcaça surgiu para ditar a experiência sentida. Sempre à luz de uma lua buscando aventuras para mudar seu nome, compartilhar seus medos e anseios e dosar melhor sua vida. Dali nasceu para o mundo e morreu o poeta jovem e infantil que foi. Daquele tempo, nem o sorriso admirado ficou de cicatriz...

agosto 06, 2012

Preciso de uma reticência central...

Preciso de um traçado de destino. Um caminho que me siga por um vértice qualquer. Quero seguir um som, descobrir um futuro, sonhar com o passado e cantar a sinfonia inacabada. Preciso de novas falas, de novos trechos e de um roteiro bem desenhado. Preciso de amor, mas não com paixão quente. Preciso de um amor que encontre o significado na terceira página do dicionário. Preciso de luz - do sol e da lua. De verão até o quarto minguante. Preciso da brisa que me refresque e vire as páginas rapidamente. Preciso de um estandarte e de um hino para homenagear. Preciso de tudo isso anotado e carrego na mochila todas essas vontades de me redescobrir. De me inventar a cada novo texto e a cada novo ponto final...

agosto 03, 2012

Me informe o caminho a narrar...

Existem os tipos a serem cumpridos, os que rezam para ser traçados, os que clamam por notoriedade. Existe um laço mal complicado, um emaranhado com caminho definido, um mapa com apenas uma linha reta. O pingo de suor no rosto, o folego que se esqueceu de vir ao encontro, as mãos que não param de tremer - mesmo no quente, pelo puro nervosismo do nunca. Gostaria de narrar como um Deus, sabendo seus inícios e pensamentos. Sabendo de seus passos e desejos. Sabendo como transcrever um sentimento, como compreender a passagem de dedos e a satisfazer as expectativas de um olhar com gosto. Gostaria de colocar juntas as peças que faltam, de saber onde se esconde o ponto secreto e a traçar o caminho que me leve de volta às facilidades que vivi anteriormente...