dezembro 27, 2010

Algo sobre a má-sorte do grão...

E o calor sacoleja um chocalho de boas novas. Sacoleja algo imóvel que proclama ao infinito a diversidade que alcançamos... Naquele tear de sonhos, plantamos nossas esperanças. Plantamos nossa realidade totalmente desenhada. Aquela realidade que sonhamos e que nunca queríamos por perto... Ela completou o seu afazer e se personificou em um grão de areia, um grão tão grandioso e pesado que fez marcas em mãos virgens, virgens do tempo e de vida... Bebericou aquela gota de alívio, aquela única em meio ao deserto. Este grão valorizou milhões, comprariam ilhas e arquipélagos... Comprariam a liberdade de nunca mais ter que enxergar ou ouvir. Mas ele rompeu no joelho articulado, no passatempo corrompido. O sino avisou a torre, que não se curvou ao receber tão importante recado... E dessa epopéia adestrada da má-sorte, quem contabilizou o ganho foi um pequeno pedaço de papel que contou a história dias depois, para o vento e que todos sabem do fim...

dezembro 26, 2010

Acontecimentos aquém realidade...

Quente! Como sempre, nesta ou em outra época do ano... Quente e seco! Sim, seco! Como um abanador úmido. Ela apareceu e não reconheceu meu carro, mas tinha um sorriso no rosto. Um cheiro de fruta, uma piadinha além da normalidade... Regamos a temperatura, regamos a junção de mundos diferentes e até dos problemas fizemos a prosa necessária. Ela não reconheceu meu carro, mas era tarde e ela foi a primeira coisa que vi... Pulamos os conceitos cotidianos, escachamos aquela máxima de velocidade... Vivemos e ponto. Quente! Muito quente! Carregava colônias nos bolsos, levava lembranças nas entrelinhas... Fiz o caminho traçado e encontrei o objetivo em forma de prédio. As olheiras denunciavam algo que o gosto do álcool não transpareceu. O bip trouxe a saudade e me aconcheguei no refrigerador que me soltava um ar frio e alegre. Fechei os olhos e pensei nas frases prontas que precisaria para contar, desenhando as personagens com as formas necessárias, abafar uma risada maior, soltar aquele som de forma respeitosa... E mais importante, inventar o que há tempos sonho em dialogar. Foi isso...

dezembro 15, 2010

Pedaços da totalidade imersa...

Eu sou um sonhador, eu sou aquele que fica por último por não ter acordado para ver o final... Que sonhou demais com aquele oceano de verão. Sou aquele que oferece a carona mais complexa e abstrata, que cobra por ela como se não tivesse um fim. Eu sou o último a sorrir, pois na poesia que transcrevo não carrego rimas prontas e ditadas por algum sopro de paixão. Sou apaixonado pelo impossível, sou eterno companheiro da solidão. Sou aquele que estende a mão, mas ganha um abraço. Abraço que poderia consolar ou dar amor, mas traz só o combustível da minha inspiração. Sou um eterno sorriso inexplicável, sou aquele que sonha com aquela estrada percorrida e que não lembra onde ficaram os contextos idealizados. Sou aquele que traz as flores sem perfume e aquele que, como sempre, busca o amor mais idealizado possível. Por ter este intento, rimei o meu final com o platonismo e carreguei os meus pertences para o início novamente...

dezembro 01, 2010

Perturbação por inúmeras tentativas...

A insônia guia um tiro certo, guia um mar em respaldo a clareza da mente. Guia, em fase sustenida, a mente por entre vielas que já foram visitadas... A insônia completa o jogo, reacende o desejo e mascara, com todas as forças, a vontade crucial de se voltar para casa. Depois de um dia, de uma semana ou até um momento, ela se torna personificada naquele rebento que é seu fruto de alimento. Ela se torna o momento oportuno, a vaga pretendida, a recompensa da promessa... Em canos com formas, em espirais difusas, no doce negro acre e no branco pálido de um opaco futuro... Ela guia em linhas tortas, o que deveria ser concreto e sem graça. Ela mostra uma ironia de funeral, como se fosse uma pétala perfumada no verão conturbado. A única coisa que ela não faz é falar... Ela não te informa seu progresso, ela não consegue pronunciar frases interrompidas... Não conseguimos definir a sua voz, se é doce ou pesada, ela simplesmente vem, dita as coisas em sua mente e fica ali, pesada o suficiente para ser notada e jamais esquecida...