março 31, 2011

De um sonho requintado…

Deste que teve todos os ingredientes possíveis, não teve realidade. Mas se é sonho, tem que ter a fantasia. Aquela fantasia simples e direta, que faça você se perder, que faça você enxergar as cores de uma fina camada de luz, que faça você balbuciar sonolências e pedregulhos de um destino incolor. Teve aquele toque, aquele leve passar de mãos na pele tão complexa. Não teve conexão com os trilhos condutores, não teve aquela mentalidade que podemos chamar de furada. Teve um labirinto claro, teve uma traição e teve uma tristeza de apertar o peito. Tiveram cenas de choro e lágrimas que não escorreram, mas que não eram falsas. Teve uma angústia dolorida e aquelas promessas de seguir a vida, que fizemos milhões de vezes. Quando chegou nesta parte, me toquei que era um sonho e, mesmo após anos sem te ver, eu sonhei contigo e te vi indo embora cada vez mais distante, cantando mais uma vez a canção de outro, mas que sempre fez lembrar você: "Não posso ver você assim, sem direção, querendo ser outro alguém. Girando entre os planetas em órbitas extremas". Sem mais, acordei e teu perfume me fez sorrir de leve nesta nova epopéia da solidão.

março 28, 2011

De um lugar que nunca para...

O sorriso sincero contagia um substantivo fazendo-o verbo. De ação ou emoção, um verbo transcrito. Se das gotas de vento equaliza um momento, de barulhos sonoramente engraçados são desenhados motivos. Do eterno balanço que proíbe o passeio, poetizam estrofes sem rimas de uma curta e provável biografia. Do solitário monumento preso em liberdade, acordam aqueles tantos da ressaca do exagero. Crianças são reis e rainhas, pois suas risadas abafam sua curiosidade branca demais para um mundo obscuro. E tento, com certa impossibilidade, encaixar um riso lento no momento que desabrocharam pétalas vermelhas. Da cor do pecado ou de simples carência, foi nítida a admiração daqueles passos embriagados rumo ao desconhecido e o cheiro convidativo parece que descarta as opções antes disposta à mesa. Tocam os instrumentos com a melodia lenta e conhecida, os estranhos cantam o refrão enigmático, tentando encaixar-se na história descrita por outrem, mas sabem, mesmo sendo tolos inocentes, que jamais serão as personagens desta dança. Desta doce confusão de cheiros, esbarrões e olhares tímidos, poetizo sem fim na varanda regida pela imensidão azul convidativa.

março 13, 2011

Você desenhou demais o que não precisava...

E não temos uma foto para recordar momentos. Não passamos de nomes em uma lista qualquer que, de tão temporária e impessoal, queimou com os primeiros raios da manhã. Tentei traduzir em pétalas e rimas, conquistar alguma razão e até um pouco de texto marcado. Não consegui. Simples. Se fosse brilhante, viraria a estrela morta do céu. Se fosse especial, levaria aquela coroação mágica e que não faz barulho. Mas o que sobraram foram os sorrisos vagos, a proibição latente do limite imposto e a certeza que podia ter sido, pelo menos, algo a mais. Desisti pelas negações, desisti pela vida desenhada demais. Desisti por você e nem sei porque gasto meus dedos sobre o papel. Talvez por me policiar demais, talvez porque precisava desta fuga racional. É isso, foi por isso...