outubro 17, 2010

Talvez eu queira te dizer...

Que nem penso mais em formas geométricas para termos uma ligação esotérica. Que tudo que se guiou para o longe, foi forte o suficiente para não ter vento contra. Que as barreiras transpuseram nossa maré em pequenos afluentes de uma vida maior... E que agora eu olho sua letra com um pesar grande o suficiente, para virar um novo capítulo. Em pensar que hoje estaríamos perdidos em nossas energias, em nossas triangulações. Em pensar que em pouco tempo escreveríamos aquele parágrafo tão surreal, quanto surpreendente. Em pensar que tudo seria diferente, com eu e você, com nossos olhos se cruzando incrédulos... Seria diferente, pois seria algo unido e com uma aquarela de desejo. Seria diferente, pois teria uma risada abafada que mudaria qualquer infinito, transformando-o simplesmente em algo palpável e memorável para se guardar próximo a carteira. Hoje eu seria aquele que eu jamais me espelharia e diria coisas que iria me arrepender em minutos. Hoje eu usaria aquelas roupas despojada para me sentir sociavelmente ativo e corajoso o suficiente para te deixar para trás. Hoje eu escreveria emocionado algo tão único, tão pessoal que não seria para ninguém mais... Mas o ninguém é alguém tão longe que não existe. Alguém que talvez ainda nem nasceu e nem desenha pegadas nas trilhas perdidas da estrada. Hoje eu escrevo isso, pensando em minhas mãos e em meu suspiro que aprisiona o meu amor em uma cápsula chamada coração...

outubro 09, 2010

Alguns pontos não precisam ir além...

Ela veio me acordar no meio da madrugada com um sussurro nos ouvidos. "Acorda e vem cá!" dizia em som baixo que custei a entender. Seu sorriso estava postado em seu rosto. Seu sorriso era tão leve, tão limpo e tão lindo... Ele foi responsável algumas vezes em meus sonhos, me levando a lugares únicos somente pela sua beleza... "Vem poxa... Dorminhoco!" brincou ela brava em certo momento... Acordei e a segui pelo corredor, tentando acompanhar seus passos quase surdos, sem barulho, como toda suavidade possível. Ela me levou até a varanda, com a noite fria e o vento forte. Ela parecia não se importar com a temperatura e me chamou para o seu lado na cadeira que sobrava... Obedeci conforme ia acordando e a tontura do sono dissipava-se graças ao vento forte de fora... Perguntei o que tinha acontecido e o que ela queria me mostrar afinal. Seu sorriso sumiu durante um curto espaço de tempo, porém voltou com grande intensidade... Ela levou seu peito em meus ouvidos e falou "Escute este som, é o som do meu amor pulsando no meu peito, por você..."

outubro 06, 2010

Turbilhão de dúvidas sem parecer...

E o que será que ela quis dizer com seu sorriso e seus olhos vagos? O que será que ela quis dizer com o entrelaço de dedos e o sorriso para baixo? O que será que quis dizer aquela dança perdida no meio da noite? O que será que quis dizer aquele sorriso de madrugada bem no fundo dos olhos? O que será que tinha naquele copo que causou alegria em ambos? E aquele convite perdido para ver o luar? E aquela rebatida com olhar fixo e certo? E por que será que eu fiquei aqui contemplando um vazio ao ver que nada aconteceu e tudo pareceu um sonho? Novamente, só com lembranças vagas de momentos de vento em uma vida desgarrada...

outubro 03, 2010

Distantes como poesia esquecida...

A inspiração vem na solidão, ela vem me beijar sempre quando contemplo, incrédulo, a passagem estreita da vida... Vem com lira, vem com desejo e vem com obrigação. Vem como melodia, convida a dançar e a seguir o seu ritmo... Mostra cores no escuro, som no vácuo, a sensação de infinito em plena caixa fechada. Com ela tenho a descrição de completo em qualquer lugar que minha visão alcançar... Com ela tenho a explicação dos meus enigmas e toda sanidade explicada em prosa livre... Sem lágrimas e deixando os dedos ditarem o destino mais complexo do universo. Ouço um grito de uma canção que nunca se repete, ouço o sussurro de uma nova vida chegando, ouço o nascer de uma relação que jamais sairá do papel... Me pego dançando pelas vielas que sempre sonhei, me pego cantando desafinado o amor que nunca entendi, me pego escrevendo linhas que quando acordar deste sonho, vou duvidar que fiz. Crio um refrão que ficará suspenso durante a eternidade e perdido nas curvas da minha vida... Capitalizo as sensações e vejo que estou feliz. Sou o poeta que já fui em alguma etapa perdida... Não sou mais, mas ainda assim, continuo sorrindo, pois falam que sou melhor assim...