dezembro 26, 2004

E a nostalgia veio-me beijar a face pálida...

Com amor senti em minhas veias fluírem lembranças. Com saudades vi meus olhos lagrimejarem com cenas antigas. Com felicidade construí, novamente, em minha mente um filme antigo. Com triste vi queria fantasia e nada daquilo foi aproveitado realmente. O frio sela o ambiente estranho e tudo fica confuso com o ar polar. As ruas que já fizeram sonhar tinham o mesmo ar sombrio e convidativo de antes, porém apresentavam um gosto diferente. Mudanças... Era isso que me estava faltando e era por isso que a angústia crescia dentro de mim. Lembrei de músicas, lembrei de beijos, lembrei de olhares, lembrei de vozes, lembrei do platonismo e das noites que cantei de peito aberto um amor novo que enchia meu coração de vida. Com receito vi tudo desmoronar pelo ar gélido em meio a lágrimas e gritos ocultos de desespero. Com dores em minha alma cantei para algum amor antigo, mas nada voltaria ao mesmo. A solidão era mais fria do que a noite e mais fina que a chuva, mas mesmo assim nada mudaria minha sentença. Com amor vi meus amores indo como vento, que passam e beijam o rosto com saudações e adeus, sumindo no infinito e deixam na sorte da morte do próprio coração.
Melancholy Sickness

dezembro 20, 2004

E seu cabelo nunca ficaria do mesmo jeito...

É como um verso popular que não tem fim. É algo que fica na mente sem pensar em sentidos e direções. Uma substância que ganha vida com o ar e toma seu espaço sem permissão. Toda matéria orgânica revestida com o poder transcedental do universo. E quantos dias no ano acordamos com a esperança da mudança e o que recebemos são derrotas escuras e úmidas? Você nunca está tão triste, com olhar de fotografias amareladas de tempo, se você não se sentir como uma peça fundamental do tabuleiro infinito. E eu amo ver você sorrindo... Eu amo sonhar com sua felicidade esbravejante e amo ainda mais a solidão...

dezembro 17, 2004

E a contagem no rascunho era maestrina...

E o menino contava seus dias ensolarados e quentes. Alegres e claros. Dificíes e estressantes. O menino contava seus dias chuvosos e tristes. Medonhos e escuros. Esperançosos e energéticos. O menino passeava nos dias contados como viramos a folha de um livro de suspense. Sem saber onde irá encontrar as pistas, respostas, crimes e assassinos. O menino deixava o vento guiar seus passos durante a subida e descida da vida como fazemos nas nossas caminhadas infinitas que nunca sabemos onde, muito menos quando, vamos ganhar. O menino amava a vida inteira como amamos a pessoa que nos completa e que nos faz rir pelo simples fato de existir. E o menino com tudo mais puro, belo, correto e concreto bebia a mesma água da menina ao seu lado com olhar triste e pesado, olhar de incertezas e dúvidas, olhar vazio e escuro. E os dois sorriram pelas curvas da vida. Ela triste e ele contente. Ele incompleto e ela completando a folga. Ela e ele, ele e ela... Tomando um mesmo copo de suco no calor de verão tropical.

dezembro 15, 2004

E as coisas fluem como a rima interna...

E a curiosidade matou o rato que procurava auxílio, procurava asilo, procurava exílio. As tardes desciam quentes e ensolaradas, desciam flevorosas e asfaltas, desciam glamurosas e afloradas. Tudo que se queria era um pouco de atenção, pouco de emoção, queria um pouco de visão. O medo constrangia os passos dado no silêncio do quarto, no silêncio da sala, no silêncio do choro. E as surpresas da vida iam aparecendo como as estrelas, apareciam como o infinito, apareciam abstratas. E não sei realmente se devia ter falado, ter sentido, ter sonhado, ter visto. Queria simplesmente algo mais do que simples gestos de preocupação.

dezembro 01, 2004

E desacreditando no final das contas...

Agora eu não sei que caminho percorrer... Não sei que voz devo ouvir e muito menos com que ouvido... Meus olhos buscam algo para se admirar, mas tem medo de cada figura que me aparece familiar... Tudo é difuso como a névoa branca do jardim de manhã, com frio e serena aos ombros resfriados... Todo o nicho ecológicamente organizado se põe em prontidão para a batalha de idéias jorradas no papel branco e o atrito do seu lápis... Sonificando o infinito do vácuo escuro cheio de cores do universo. Somos partículas, somos reféns, somos estranhos em um ninho que nada se desdém. Os caminhos são cruzantes e mostram as opções. Só que simplesmente caminhamos desconhecidos sob nossas frustrações. E agora tudo é tão tarde e longe que nem sei se devo ouvir a voz da liberdade. Que canta e chora dentro de mim. A felicidade e a tristeza são iguais... Como aquela joaninha que me trouxe a sorte e depois me picou para a morte da abelha solitária no jardim. E assim, naquele simples dia sortido, todos me perguntaram... Como é que foi que eu me enganei?