junho 19, 2010

Da poesia escachada na porta...

O horizonte pinta de aquarela um novo dia, os pássaros anunciam este nascimento com seu canto encorajador. No cômodo perdido o dia anterior ainda não terminou e não é possível contar quantos dias estão perdidos. As melodias, que já foram doces um dia, ecoam pelo lugar, mas sua melancolia difere bem de quando foi composta, pelos primeiros raios de sol de um dia qualquer. É impossível entender a razão desta inércia e é mais complicado definir todo este cenário. O chão espalha restos de uma vida, de sonhos quebrados, de testemunhas felizes e de promessas registradas... As paredes carregam apenas marcas do que antes era um mural da perfeição. As chaves estão jogadas em um canto indefinido e perdidas. Existem rabiscos complicados em cada passo dado em direção a porta. Esta, aberta e batida, indo e vindo pelo sabor e rumo do vento. A complexidade desta esfera é entendida pela poesia cravada na porta, com a melhor letra arranjada, que diz em poucos versos:
"Cansei de esperar neste túmulo,
Nesta esfera parada e nula
E mirei o fim deste túnel.
Deixo as chaves do meu coração,
Para que não consiga mais ser enganado,
Para que jamais possa sentir o sofrimento
Esta eterna guerra entra razão e paixão.
E eu que relutava ao ver tudo acabado
Restou-me só poetizar o fim deste sentimento."

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