abril 14, 2007

Sobre a incapacidade de amar para sempre...

Tratou os trapos com carinho e destreza, esquecendo dos defeitos e sujeiras que possuíam e concentrando-se na forma. Imaginava os caminhos por onde tinham passado, as frestas que percorreram e quantos não agregaram. Alguns novos e tristes, outros velhos e felizes, outros simpáticos, outros emburrados... Porém, ainda, trapos. De tanto estudar e admirar fez-se a filosofia do trapo. Sem uso ou denotações... Simplesmente o nome para o trabalho de meses de estudo. Como era muito homogênea e carente de novidades, perdeu o interesse... Não tinha mais o brilho do fascínio nos olhos e muito menos a vontade de desenhar formas na sua mente... Como tudo na vida, morreu o desejo abstrato por trapos. Continuou usando-os diariamente, para as mais simples tarefas... E com um pouco mais de tempo, esqueceu completamente que criara a Filosofia... E em um belo dia de almoço familiar, pegou-se fascinado pelos guardanapos... Bradava pela singularidade, forma e maciez... Fez-se então um novo amor, a partir daí... Pisou nos trapos, acabando com a vida que ele mesmo criara.

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