setembro 17, 2004

E os olhos digitam o que os dedos enxergam...

Sombras e trevas mesclando, com perfeição, um verão intenso. Bom, ruim, certo e errado em perfeita conjuntura com Júpiter transformando tudo em estrelas e luas. A sanidade brinca com ilusões criadas no quarto sem cama, logo a frente da cozinha. Cintilam as árvores, aqui dentro, buscando o último restingue da flora bruta do meu coração. Talvez aquele ser ao lado da porta seja o bobo da corte, e ele chora lágrimas de verdade que fazem outros rirem e pensarem nos erros de suas vidas. O tamanduá-bandeira entra em busca das formigas que trabalham para reconstruir sua casa que o nenezinho de três meses pisou e começou a calcular o número de seres ali da casa. Terrorismo!! Todos gritam enquanto personagens de desenhos jogam ludo-ludo no saguão deste hotel. A velha recita algum verso para dois ou cinco meninos que parecem dormir com ursos belgas nas mãos. E se for parar e notar nessa cena tudo tem significado, concordância verbal e nominal, regência e muito sangue-frio. Celulares, rádios e porta-retratos completam com perfeição o cenário antes imaginado repleto de gente e vazio de idéias. O despertador canta suas horas e as folhas se agitam, o colírio cura a ardez dos olhos e os clipes fecham o envelope.

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