outubro 01, 2004

O atrito gera substâncias indolores finais...

Os dados são lançados pela garra afiada e batem um número primo, ao mesmo tempo que o velho rapaz viajante perde seu último suspiro de aposta na mesa. O aparelho televisiona alguma abobrinha política barulhenta e a mochila é aberta em busca da esperança final. As figuras no álbum adesivo se mechem ao sabor do movimento, criando em si uma novela única e inédita aos olhares pesquisadores. Ouvidos escutam algum murmúrio baixo e etoneante, propício de comemoração particular. A vodka tem seu gosto mais suave por causa do gelo que derrete no duro verão fora de época. Passos, corridas, cenários montados, liras cantadas, uma estrofe. Sem saber do final, o poster coroa o momento e é esticado de forma a sempre ser lembrado. O lençol branco, confidente do travesseriom ouve as lamentações expelidas pela boca triste. Dando o toque final a essa obra prima erudita. E isso tudo só termina quando a lótus abrir inteira, mostrando seu interior puro e discreto. Todo o poder nela concentrado vai premiar o último cavaleiro que cantar, em verso livre e branco, a redondilha menor mais perfeita já realizada. E os trovadores, depois disso, desataram em coro o choro da derrota.

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