novembro 21, 2006

A enfermidade motiva a poesia interna...

Ser acordado pelo pleno orvalho e pelas pétalas de vida invísivel, desatando os laços unidos e fantasiados de um relacionamento vitalício. Abrir os olhos e buscar a fuga certa para a caça desesperada do viver, relatar em pequenos contos a epopéia da vida. O enfermo busca a esperança na janela pingada de chuva, nessa hora se perde em pensamentos melancólicos e duvidosos questionamentos. Busca a necessidade, corre pelos corredores da sua mente albina, um grito desesperado e angustiado para se sentir novamente vivo. As horas nunca passam quando estamos tristes e confusos, traçamos planos e promessas para possíveis empreitadas perigosamente suicídas e nunca teremos o sangue-frio necessário para iniciar a batalha. Cada dose do remédio é medicinalmente controlada para trazer o alívio necessário, a falsa cura por horas, para que, pelo menos nesse curto espaço, possamos nos lembrar como é a vida sem nossa doença. O enfermo sabe disso pois são os únicos momentos que consegue dormir. O apaixonado pelo mundo desconhece este conforto, mais uma vez se acaba nas promessas embriagadas e sem destino. Caminha pelas ruas sem conseguir olhar para frente e enfrentar sua depressão. Busca o conforto em coisas mundanas, doses e fumos. Relaxam e criam um paradigma novo de alegria, horas se passam e com isso ele consegue dormir um pouco. Os sonhos são diferentes para os dois, pois eles já passam a diferença na realidade. Um tranquilo o outro carregado. Um ascendente e outro descendente. A única semelhança é quando acordam, sem efeitos adversos e a angústia inicialmente relatada, se mostra viva e presente e os desejos antigos se tornam mais uma parte da vida. E é perceptível que falamos de uma única pessoa, presa nos seus sonhos e acometido de uma doença impraticável... Ele a amava.

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