Houve um tempo em que mandar uma carta trazia alegria. Passei correndo várias vezes pelas linhas, contando fatos, descrevendo outros, criando fantasias grandiosas e tentando imaginar como isso refletia na outra pessoa. Era um exercício complexo, pois além da letra ser interessante, a dinâmica da carta era importante. A escolha certa de cenários, de assuntos, da dose de tristeza com a euforia bem controlada. O problema é que o tempo passou. As letras agora são iguais, escritas por todas as pessoas que conseguem conectá-las e criar um sentido inviável entre elas. Tudo parece mais do mesmo, parece que já foi dito antes e os filmes se repetem. As pessoas se esqueceram de dosar e apenas se preocupam em contar seus feitos, inchando a paciência alheia e temporal do leitor. Talvez eu também cometa do mesmo erro. Talvez minha redundância poética me faça sempre andar em círculos viciosos, com os mesmos cenários e sinônimos de romantismos que pulam de texto para texto. Talvez eu sempre me perca na maneira de terminar, de parar por um instante deste sentimento e guarde um pouco para o próximo fim... E fique sempre nessa angústia de nunca saber, de nunca entender e de nunca terminar. Por isso minhas reticências são maiores do que meus pontos de fim. Mas é que depois delas, sempre vem mais uma história, mais um enredo montado e mais uma novidade, que nunca me cansa, mas já cansou tantas vezes...
Nenhum comentário:
Postar um comentário