fevereiro 12, 2010

Habitantes do Platonismo...

Nos é mostrado um mundo de sonhos perfeitos e caminhos perfumados de paixão. Jardins repletos e fartos, com a temperatura ideal para se apaixonar por todas as circunstâncias. Caminhando um pouco além, descobrimos que é só a fantasia que nos é mostrada. Alimentamos uma fome gritante, mas que jamais se mostra fim. Vivemos nos sonhos repletos e quando sonhamos com o realizar, nosso peito inflama e caímos novamente no início deste mundo. Redundâncias perfeitamente acentuadas! Lua e estrelas, nossas companheiras de túnel, tornam-se nossas melhores amigas, pois passamos madrugadas inteiras gritando a angústia do quase, a infelicidade da falta de perfeição e cantamos o nosso amor não correspondido. O álcool vira nosso combustível de vida, vira o sol de nosso mundo, pois não conseguimos viver sóbrio com a perfeição sem fim e nada real. Vivemos para nos embriagar e, desta embriaguez, soltar nosso lado de fantasia para tentar aguentar toda essa redundância. Seu doce e acre destilado infla nossas veias com a inspiração embriagada e fazemos poesias para a mais perfeita bela do mundo. Com todas essas poesias coletadas pela pureza do sentimento, durante dias e dias, criamos um jardim repleto da arte romântica e alcoolizada. Em nossas andanças madrugada adentro, escrevemos um rio de poesias, provas e juras eternas de amor, porém elas se calam ao amanhecer e ao fim das nossas forças. Essa infinita espera do nunca deprime e acentua a angústia. Em flashes com o mundo de nossa amada é quase impossível segurar a razão, uma loucura latente nos invade e perturba ao ver todos os nossos sonhos ruir como areia ao encontro do mar da realidade. Conhecemos os diferentes sabores da derrota e sabemos identificar todas as suas personificações. Quando estamos conectados ao mundo real, queimamos em seu inferno e nossas poesias, tão trabalhadas e verdadeiras, são as laminas que nos cortam e nos jogos novamente à fantasia e sonhos. Esta constante não realização de sonhos faz nascer, depois de muito sofrer, dúvidas da nossa capacidade. Dúvidas que tatuam nossa pele para tentar entender como o amor, vivido em nossa maneira tão pura, é capaz de ser tão injusto e diferente fora do mundo das idéias. Há os que ficam pelo caminho dos dias infinitos da solidão e do álcool e há também os que migram para outro estágio, o estágio forte da Abstração e Não-Lucidez...

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