fevereiro 07, 2010

O Túnel da Solidão...

Frio e implacável, úmido e convidativo, descritivo e conotativo. Colorido recheado de escuridão, em suas paredes carrega as marcas de seus passageiros... Recheadas de gritos, angústia, poesias, frases soltas e amor. O amor existe em seu mais perfeito estado de espírito. Cada caminho trilhado contém seu doce perfume. É na solidão que o amor consegue seu auge, na solidão que o amor rege seu sentimento e personifica-se em personagens diversos: pinturas, canções, letras, rimas e risos... Todos os elementos da inspiração fluída do amor. A pura inspiração destemida e ilícita do amor. Inspiração que expira o entorpecimento proibido. O entorpecimento das mais impuras naturezas, desde pílulas, cartas, comprimidos e sonetos até gotas, redondilhas, picadas e refrões. Doce impureza que arrasta madrugada adentro para um impossível desfecho. Sabe escolher para cada momento a melodia certa, a certeza da estrofe perfeita e nos faz cantar. Rasga-nos o peito e explode nossa garganta com sua lira, seu tenebroso veneno. Seu ilusório cantar. Perdemos os sentidos e as forças, vamos ao encontro das diversas loucuras em nome do nosso amor, ou quem ele tenha escolhido nestes meses tortuosos. Traçamos o plano perfeito, sonhamos acordados com o perfeito momento. Nunca nos importamos com a negação, pois ninguém pode negar o amor! Não o verdadeiro amor e nunca o maior amor que infla nosso peito. Tentamos descrever em palavras o que arde em nosso interior, mas procuramos este sentido em folhas inexperientes e sem significados, pois só quem é passageiro ou percorreu estas estradas consegue entender o que é viver isto intensamente. Suspeitamos de tudo e de todos que se dizem experientes, pois nosso sofrimento nunca se compara ao de ninguém. Luas e estrelas são testemunhas de nossa crescente angústia, de nossa terrível jornada. Só elas conseguem suportar quando avistamos o fim do túnel, o fim da jornada e realização do nosso amor, a resposta de nossa crescente dor, só elas conseguem nos suportar quando finalmente iremos desfrutar de toda a paralisia das nossas engrenagens. Neste fim é que conseguimos saborear o amor em seu mais profundo gosto, na sua mais profunda pureza... Sonhamos com este momento, com suas cores e cheiros singulares, com suas músicas cadenciadas e luz indescritíveis. E está ali, bem à frente, na saída que sonhamos durante dias incontáveis. Finalmente os últimos passos dentro do túnel que nos mostrou tudo com mágica e sabedoria. Ao primeiro passo, sempre dado em falso fora do túnel, descobrimos que mudamos de mundo e somos os mais novos Habitantes do Platonismo...

Nenhum comentário: