Abstração e Não-Lucidez...
A viagem ganha um mundo paralelo. Companhia diária importante, o álcool começa a ser mostrar fraco para o desenvolvimento do sentimento e novas, e até então proibidas, substâncias são utilizadas. Elas afloram a mente e criam um paralelo que pode ser logo sentido nas primeiras linhas das leves brincadeiras. São jogadas ao vento palavras desconexas, que vão ganhando significado perante o caos supremo. A abstração vai aos poucos se tornando a maior parte da nossa mente e, cada vez mais, pede combustível para permanecer viva. Dia após dias ela ganha terreno mental e não conseguimos mais distinguir os paralelos que criamos. Alguns conseguem o controle quase total e só desenvolvem a parte abstrata do amor, outros se perdem no novo sabor e passam as horas de vida brincando com o concreto. Como o amor é complexo demais para descrevermos, a nossa abstração quebra a dificuldade de síntese com outros elementos. Abstraímos da respiração ao pulsar, do sorriso mais belo ao vento gélido da solidão. Entramos totalmente em um labirinto emocional que muda constantemente seus caminhos. Em leves clarões vemos seus resultados, porém, no instante seguinte, tudo é alterado e o jogo de palavras volta com novos significados. Vivemos neste parque de diversões das idéias, com suas charadas e suas adivinhações. Experimentamos o extremo de significados possíveis e impossíveis. Figuras transformando-se em sons, paisagens declarando todo seu amor em hinos irreconhecíveis, personagens perdendo a vida por olhares personificados. A pureza sendo envenenada na mudança de linha e o perdão mais puro aprisionando para sempre o eterno apaixonado. Todo este caos em linhas é o trabalho que resulta de uma mente perturbada, vivendo em outra realidade, com outros rumos e sem dificuldades. Assusta em seu início, mas vai ficando menos acre com o passar do tempo. E o que antes causava perturbação, ganha um sorriso leve ao final. Após um tempo indeterminado, deciframos todas as curvas existentes, dissipamos toda névoa causada pelo amor e sua descrição é vista em todos os rostos e textos dos viajantes. Porém, como uma brincadeira sem fim de uma terra incompleta, uma nova ponta nos é colocada, não sabemos se por culpa da abstração extrema ou da complexidade do amor, acabamos por viver cercados da Personificação dos Sentimentos...
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