abril 16, 2011

Fáceis paisagens cotidianas...

Se soubesse que seria a última noite de estrelas, teria colorido o céu com o infinito décimo. Se soubesse que faria a última curva, brecaria na encruzilhada de emoções. Se soubesse que a certeza falharia, teria feito meu pedido com a sinceridade que nunca me foi refém. Se soubesse que o mar mudaria, enxugaria as lágrimas que acumulavam e daria um novo laço de surpresa naquela simples prenda. De presente ao passado, um futuro de pretérito. De sempre ao nunca mais, um convite vencido. A vida desenha curtas passagens com largos corredores. A vida bifurca horizontes e emaranha fatoriais possibilidades. A vida brinca com suas páginas, como aquela criança com olhos de aprendizado. Carrega para um lado como peões próprios e deixa ao pó as peças necessárias do quebra-cabeça, que tentamos como inúteis chamarmos de vivência. Traça quadrinhos de gibi inocentes e pitorescos e depois traz os ventos de mudança para o ambiente épico e trágico. A vida fez tudo isso e se eu soubesse seu enredo completo, teria desenhado a incerteza como resposta final e pintaria todas essas dúvidas em meu leito de eternidade.

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