outubro 06, 2011

Um nome solto para alguém presente...

Em uma rua pálida, uma senhora fez gesto de bengala para os céus e suplicou. Suas palavras caíram na terra marginal, ecoando por entre folhas e limbo uma doce esfera de dúvida e angústia latente. Seus olhos marejavam um tom púrpuro que nunca encontrei na aquarela do artista. Códigos e folhas brecaram suas marchas e seus significados, contemplando o tamanho do desenrolar desenfreado. A senhora olhava fixa para um ponto esquecido, buscava com mãos trêmulas seu eterno sono. A senhora tentava ensaiar passos, mas só conseguia encontrar o gesso da vida. A senhora queria arriar e arrear sua modesta túnica, queria dedilhar pelo infinito as rimas que nunca haviam sido tentadas. Ela berrou pela última vez e sem resposta, voltou-se para seu andar da vida, seu ritmo cadente e certo. Não lamentou, nem demonstrou tristeza. Não suspirou e muito menos emanou um desapontamento. Essa senhora nunca me pareceu ter um nome, mas por nunca ouvi-la e sempre senti-la próxima, decidi chamá-la de coração.

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