Não seria capaz de admitir se visse em outras páginas. Não conseguiria entender tamanha cor, se fosse de outra aquarela de vidro. Aconteceu em meus olhos, em meus braços e, por conta do meu sorriso, perpetuou-se nos segundos terminados. O cenário tampouco importa. Uma esquina com árvore antiga, um pássaro noturno cantando ofegante, uma ponte ao rio devastado de peixes, um soneto no meio de um canto medieval. Talvez existisse uma ópera regida por ela. Nervosa, aflita e com uns braços enrijecidos pela multidão. Talvez existisse um bloco de anotações raivosas. Talvez existisse, em meu coração e no seu pulso, uma leve saudade de vozes infantis. Em uma dessas curvas de sons, os momentos foram subsidiados de forma cadenciada. Um violão machucado encostado, um desenho não terminado, uma saia esquecida, um bracelete sem cor. De certa maneira eles acordaram juntos e fez daquilo uma introdução. Fizeram a beleza de um acordar solene, com os olhos cerrados mais lindos que meu coração já compôs.
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